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domingo, 31 de março de 2024

J'Accuse parce que… A injustiça moderna - injustiça de abusos de poder e descriminação laboral

J'Accuse parce que… A injustiça moderna - injustiça de abusos de poder e descriminação laboral

 


por Clea Vieira

 

Essa poderia ser mais uma Carta Aberta (como a de Émile Zola) porém essa é endereçada a ninguém ou, para os mais dramáticos, um discurso de ódio travestido de moralismos e ideologias ultrapassadas.

Para outros uma declaração de uma rebelde sem causa ou, ainda, uma dialética às avessas. Mas não, está mais para uma transmutação, por assim dizer, do Totalitarismo - devido ao desprezo pela realidade dos fatos.

Há exatos sete anos vivo aqui na Suíça, e com uma bagagem de lixo emocional (que nem é minha) equivalente ao triplo desse tempo, clamo por devolvermos os cargos de chefia na Suíça aos suíços. Sim, está cada dia pior trabalhar e conviver com estrangeiros como eu aqui: que alegam buscar uma vida mais estruturada, mas as pessoas são, em sua maioria, totalmente desestruturadas (para não maldizer desequilibradas) psicologicamente.

A sensação que temos é que, embora vivamos num Estado laico, no âmbito laboral somos dhimmi (dhimma): onde julgam que, por sermos (de países) cristãos temos menos direitos e somos menos capazes de estarmos em posições de responsabilidades e até mesmo excluídos. O que se vê é um despotismo disfarçado, onde não precisam de lei para outorgar o terror perpetrado nas lideranças pois partem da premissa que o poder detém a razão.

O empregado que passa por diversas situações vexatórias, humilhantes e até mesmo degradantes acaba perdendo seu instinto de auto-conservação. E seu psiquê é colocado em questão, sua moral encarcerada numa inóspita colônia penal, pois, infelizmente, no final, o errado é quem está certo.

Assim como eu, tenho certeza que muitos já passaram por problemas desnecessários criados por colegas de trabalho que se julgam superiores ou melhores quando que, na verdade, são infinitamente descompensados mental e fisicamente. São oriundos de países político e sócio economicamente falidos, sem falar que a maioria alega perseguição religiosa e chegam aqui e fazem tudo aquilo que um dia disseram estar fugindo.

Se é correto afirmar que somos a média das pessoas que mais convivemos, tenho uma péssima notícia a dar: estamos todos fadados a sermos piores seres humanos do que já éramos. O culto ao dinheiro se sobrepõe ao intelecto. Um palco de ódio amplificado entre os trabalhadores aqui estão e, infelizmente, nós estrangeiros estamos, a curto e médio prazo, personificado o Bem e o Mal, refutando nosso objetivo inicial: a busca por uma vida melhor e mais justa.

Independente das raças que mais cometem infrações entre os colegas de trabalho, há de se concordar que a qualidade dos serviços caem consideravelmente, por exemplo, no aeroporto de Zurique - mundialmente um dos mais conceituados no quesito segurança. Lá eu pude vivenciar coisas que são dignas de capítulos inteiros de novela mexicana com requinte de crueldade de Hitchcock.

Um dos episódios ocorreu na cozinha da SSP, quando eu trabalhava de madrugada. Para elucidar o caso todo o chefe de equipe (croata) é obrigado a fazer curso de primeiros socorros e quando eu tive mau súbito o primeiro a se abster de qualquer ajuda foi o próprio, alegando "ter muito trabalho" e eu, inconsciente (e lá fiquei por 15 minutos, segundo testemunha), fui observada pelo colega que se negou me deixar sozinha em cima da pia de metal, como se eu fosse um pedaço de carne para ser usado mais tarde nos sanduíches, que mesmo sem saber falar os idiomas locais ou inglês, soube falar a linguagem universal dos anjos: o amor, e tentou me reanimar como podia até eu estar aqui para contar a vocês o que passei.

Se a existência precede a essência, em pouquíssimo tempo a Suíça estará corrompida, inundada e afogada em diversas religiões e seitas, crenças e mau caratismo exacerbado. Porém, assim como Émile Zola em J'Accuse, espero que haja inquérito, até mesmo processo em tribunal criminal a fim de surgir a verdade por tantas "Cléas" largadas a própria sorte e pior, no lugar mais seguro do país!

O país? É de primeiro mundo! Eu vim de um país de terceiro mundo. Mas o serviço aqui, hoje em dia, é de quinta categoria. Pois, onde todos se calam são cúmplices, ao menos por fraqueza de espírito.

Principalmente aqueles que tiveram em suas mãos provas e relatos de terceiros das injustiças que ocorrem nós bastidores e, ainda assim, abafam, são tão culpados quanto.

Chefes de equipe que gritam palavras de baixo calão, destratam - como uma jovem chefe de equipe da Mr. Clean e um rapaz da Splendida (ambos portugueses) - humilham, fazem piada e espalham informações de cunho pessoal para demais parece ser requisito básico para estar na liderança. Pessoas com carta de condução é exigido, mas desvio de conduta e caráter são fatores eliminatórios. Impossível crer em algo diferente disso mediante tamanha enxurrada de críticas e demissões voluntárias e involuntárias que ocorrem mês após mês.

Enquanto uma famosa mundial rede de fast food faz questão de exaltar seus melhores funcionários do mês, aqui a coisa funciona de forma celeuma: quem humilhou mais funcionários, mais exaltado ele é (do nada a Vebego pós uma albanesa que fez um inferno na minha vida). Transformam, então, os gabinetes de recursos humanos em inatacáveis gabinetes de guerra santa, para encobrir a má gestão, acobertam ilegalidades, cometem crimes jurídicos ao inocentar sabidamente um ou mais culpados (volto a SSP, onde mesmo com papel carimbado e assinado em mãos negaram a veracidade do documento e além de não estornar o valor do material devolvido, chamaram meu filho de mentiroso e ele voltou com nome e sobrenome da responsável sem eu falar nada).

Curioso que haja tantos jovens com menos de 25 anos na liderança de equipes enquanto que eles há pouco tempo atrás não conseguiam nem ter obediência e/ou respeito aos próprios pais. O que dirá comandar com sabedoria pessoas mais experientes na vida que elas. Confundem liberdade com machismos sobre a vida alheia, como ouvi de uma chefe de equipe de 22 anos da Honegger, que nada sabia da vida, que eu não precisava de muitas horas de trabalho porque meu marido é suíço. O que essa ninfeta sabe de necessidade se teve tudo muito rápido e nada aprendeu?

A assimilação está longe de resolver tais problemas enquanto estes ainda forem encarados como "casos isolados" porque o mundo gentio se calou. A retórica é: calaram-se por medo, comodidade e/ou benefício próprio?

 

- Eu “Quelhas” subscrevo tudo que a Clea diz, porque sei bem quem mais passou por esta injustiça de abusos de poder e descriminação laboral entre outros! A maior parte dos Chefes são pessoas NÃO gratas!


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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