Contra a corrupção e a
exploração fiscal dos imigrantes e residentes
Estou
farto:
Por Chefe, José Maria Ramada, Poeta, Escritor
Caros
amigos, não sou um doutor daí a minha dificuldade na conjugação do verbo
“ser/estar” e peço desde já a vossa ajuda para tentar conjugá-lo perfeitamente.
Eu
estou farto de políticos mentirosos, que na oposição prometem tudo e mais
alguma coisa e depois nada fazem. Estou igualmente farto de todos os políticos
que ao longo da campanha eleitoral prometem e no governo falham como o dinheiro
ao fim do mês na carteira da maioria dos portugueses.
Estou
farto de políticos sem pudor para quem os valores nada contam, que concorrem a
eleições com um programa e que, quando eleitos, o rasgam sem ponta de vergonha
e fazem tudo o que lhes dá na gana sem olhar em seu redor e às dificuldades de
quem os rodeia.
Estou
farto desta geração de políticos que não percebem que a elevada abstenção,
representa um sentimento de vergonha pelos políticos que têm assento na
assembleia da república e regionais e que esta mesma abstenção representa um
não ao actual sistema político e à roubalheira que mantém os governantes no
poder.
Tu
estás, farto de políticos malabaristas e gatunos que brincam
com os números e com os seus concidadãos já hoje duvidosos e amanhã falsos,
porque mesmo sem sermos um país de gelo e neve derrapamos todos os dias fazendo
de todos nós portugueses estúpidos e ignorantes.
Tu
estás farto de ministros que são nomeados não pela competência, mas pelo
partidarismo e clientelismo, que depois se volatilizam, tal como o dinheiro dos
contribuintes que o Estado coloca nos bancos e empresas estatais falidas.
Tu
estás farto, de uma justiça lenta, inoperante e que deixa prescrever processos
importantes. Estás farto, de ouvir dizer que o nosso sistema de pensões é
insustentável porque o número de idosos é muito superior ao dos jovens,
enquanto na Alemanha e Suíça há percentualmente mais idosos e menos jovens do
que em Portugal e o sistema ali é viável e as reformas são intocáveis.
Ela/Ele
está farto de pagar mais impostos, ver a pensão reduzida e a dívida a
aumentar, de ouvir dizer que o problema são os juros, recessão no mundo etc.,
conversas de meia tigela e de políticos sem escrúpulos e corruptos.
Ela e
ele, está farto de banqueiros e de presidentes de empresas com prejuízo,
receberem milhões de indemnização e definirem para si próprios reformas
obscenas, para não falar nos políticos que recebem as subvenções vitalícias que
são uma aberração onde temos salários de miséria e reformas de terceiro mundo
que não dão para pagar as rendas de casa e muito menos medicamentos e
alimentação.
Ela /
ele está farto de um sistema judicial que está estruturado para proteger os
fortes e poderosos e aniquilar os fracos e desprotegidos em que tal como na
gíria popular “quando a maré está má quem se lixa é o mexilhão”. Ela e ele está
farta do sistema judicial que é cego, surdo e mudo, com a agravante de ser
lento, que me perdoe o bichinho, mais lento que um caracol.
Nós
estamos fartos de uma Assembleia da República cujos deputados passam parte
do tempo a trabalhar para empresas privadas, com subsídios superiores a algumas
reformas. Que nada fazem a não ser conversas de papagaios e discos riscados.
Nós estamos fartos das juventudes partidárias que só produzem políticos
incultos, arrogantes e inexperientes que ocupam lugar pela sua cor partidária e
não pela competência enquanto os nossos jovens formados emigram.
Nós
estamos fartos de ex-ministros muito críticos, esquecidos de que já tiveram o
poder e não resolveram os problemas do País.
Temos
reguladores que nada regulam, de comissões de inquérito que nada fazem e apenas
servem para levar o nosso dinheiro, remunerados por nada fazerem.
Nós
estamos fartos, de sermos acusados, juntamente com os outros reformados e
funcionários públicos, de sermos as gorduras do Estado, de termos vivido acima
das nossas possibilidades e daí arcamos com a maioria das medidas correctivas.
Mas perguntamos: e as gorduras dos gabinetes de governo e empresas? E as
reformas de políticos e gestores de empresas? E as subvenções vitalícias?
Vós
estais fartos de ver o Governo corajoso a aumentar as pensões e salários abaixo
da inflação, mas aumentam as rendas de casa em 6,9% o que se torna
incomportável com os baixos salários e as reformas de miséria.
Vós
estais fartos dos offshore, das pessoas que lá colocam o dinheiro e dos
governos incapazes de travar esta fuga aos impostos. Estais fartos dos
empresários que obtêm lucros em Portugal e depois os aplicam no exterior.
Eles/Elas
estão fartos da conversa da treta dos governantes, daqueles que
foram eleitos para governarem e não se governarem. Estão fartos das injustiças
da roubalheira, das derrapagens de orçamentos, estão fartos da justiça que é
injusta, da saúde que o não é, da cultura que gera incultos, da educação que é
deficiente e gera falta de civismo. Elas e eles estão fartos da falta de
segurança, que gera insegurança em qualquer parte do nosso país, onde o tráfico
de droga quase se liberalizou e o roubo e agressão se tornou uma banalidade.
Senhores
governantes, tal como milhões de portugueses, todos estamos fartos e a ponto de
explodir, pois começamos a perder a paciência, até tenho vergonha de viver num
país que, hoje, é um Estado falhado, moribundo e não é apenas o SNS. É todo um
sistema que torna um país nobre e grande, ou seja, os pilares fundamentais dum
país evoluído. Segurança, educação, saúde e cultura. Onde andam estes pilares?
Um dia
segui a sugestão do senhor primeiro-ministro, emigrei. Em busca duma vida
melhor é certo, mas cujo principal objectivo era levar o meu filho em busca
duma oportunidade.
Hoje
estou aqui de novo farto deste país, mas idade já não me permite fazer muito
mais fora, ao menos, resta-me a consolação de que o meu filho tal como milhares
de jovens portugueses tiveram uma oportunidade quando Portugal a negou. Os
políticos hoje convidam ao regresso, com novas oportunidades e até deduções no
IRS, mas esses jovens fazem-lhes a típica caricatura do Bordalo Pinheiro, um
manguito, que é o que a nossa classe política actual merece.
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