O museu Voltaire, em Genebra,
no passado dia 5 de novembro, teve uma programação dedicada a Portugal, e à
Língua Portuguesa: Flávio Borda d’Água é adjunto científico neste Museu, que
serviu de residência de Voltaire, e tomou Posse como Membro Académico da ALALS,
tendo ainda feito uma visita guiada, em língua portuguesa.
Flávio Borda d'Água é
diplomado de um Master of Humanities da Universidade de Genebra, que concluiu
em 2005 com uma monografia sobre a questão timorense no período da Segunda
Guerra Mundial, publicada em 2007 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. É
atualmente doutorando em História Moderna na Universidade de Genebra e adjunto
científico no Instituto e Museu Voltaire. Os temas sobre os quais se debruça a
nível de pesquisas e investigação são principalmente a história da polícia e da
justiça, a receção de Voltaire em Portugal e a história de Timor Leste.”
Flávio Borda d’Água é desde
2010, assistente de investigação, na unidade de história moderna da faculdade
de Letras da Universidade de Genebra, no âmbito de um projecto do Fonds
National Suisse (equivalente da FCT). É também, desde 2005, adjunto científico
no Instituto e Museu Voltaire em Genebra onde desenvolve projetos para a
valorização do património oitocentista através de exposições, colóquios, ciclos
de conferências e diversas atividades de mediação cultural, tendo participado
em vários colóquios internacionais sob a temática da polícia e da justiça no
século XVIII. É ainda Conselheiro Municipal da Mairie (Câmara Municipal) de
Chêne bougerie, em Genebra e deputado do Partido Radical (PR).
A cerimónia de Tomada de
Posse de Flávio Borda d'Água teve início às 15h, no salão nobre do museu.
Contou com a presença do Presidente da ALALS, Augusto Lopes, a Vice-Presidente
Lúcia Amélia e vários outros Membros Académicos.
Durante a cerimónia foi
necessário fazer o juramento Oficial, do novo Membro Académico,
“comprometendo-se a respeitar e a honrar a Literatura Portuguesa”. De seguida
leu um pequeno texto sobre o seu Patronato (escritor consagrado da Literatura,
que mais inspira o novo Membro Académico), tendo escolhido o escritor Fernão
Mendes Pinto. Foi então agraciado com a Medalha de Honra da ALALS e vestiu
ainda a capa (Pelerine), que identifica esta academia de escritores e artistas
plásticos.
Seguiu-se depois uma visita
guiada pelo museu, que serviu de residência a Voltaire, entre os anos 1755 e
1760, e onde escreveu o poema dedicado a Portugal. Durante a visita foi lido
esse poema “Poème sur le désastre de Lisbonne”, em português e
também em francês, por Flávio Borda d'Água, Reto Monico e Lúcia Amélia.
O Jornal Gazeta Lusófona
aproveitou e colocou umas questões ao nosso anfitrião
Artigo:
Repórter X
Entrevista:
Augusto Lopes (AL): Quais as funções de Flávio
Borda D’Água no Museu Voltaire, uma vez que o anterior Diretor cessou as suas
funções no anterior mês de Agosto?
Flávio Borda d’Água (FBA): As minhas funções continuam
a ser as mesmas, embora que agora tenha menos tempo para a investigação. Tive
de facto de integrar algumas funções do anterior diretor na minha agenda
quotidiana.
(AL):Que importância representa para si o facto que um dos
poemas que mais consagrou Voltaire ter sido escrito neste lugar, e
dedicado a Portugal, referindo-me ao poema: “ Poème sur le désastre de
Lisbonne” ?
(FBA):A importância é grande. É sempre um privilégio de
poder exercer funções de historiador numa instituição que teve Voltaire como
seu proprietário. Sentimos por vezes a presença dele (risos). Voltaire não
escreve propriamente o poema para o dedicar a Portugal. O que está por trás
deste poema é uma querela intelectual e filosófica entre Voltaire, Rousseau e
as ideias de Leibniz. O facto de o terramoto ter destruído completamente Lisboa
conduziu a denomina-lo como « Terramoto de Lisboa ». Voltaire
aproveita a situação política e religiosa de Portugal para a colocar em
perspetiva com a querela entre os defensores da ideia que o terramoto era uma
punição divina e os que defendiam que era um cataclismo natural. No entanto, o
facto de Voltaire ter dado como título ao poema sobre o desastre de Lisboa,
inscreve esta catástrofe na agenda europeia e ajuda a torná-la uma referência
cultural nesta segunda metade do Século XVIII.
(AL):Flávio Borda D’Água é sinonimo de sucesso e
empenho. Que outros projetos estão em vista para o próximo ano de 2017?
(FBA):Os projetos são sempre imensos. Tenho no entanto como
objetivo para 2017 de terminar uma investigação sobre Lisboa, o terramoto e a
institucionalização da polícia. Como perseguir as outras investigações em curso
mas espero também lançar um estaleiro científico para elaborar daqui a alguns
anos uma biografia de um político célebre. Os projetos não faltam agora é
necessário entrar o tempo para poder realizar tudo isto. O que é de apaixonante
na investigação é de nos lançar numa temática e de ver as ramagens que ela tem.
Muitas das vezes o tempo que pensamos que é necessário triplica…
Para
além destes projetos é necessário continuar a desenvolver a minha carreira
profissional e espero que 2017 seja um ano benéfico para tal.
Entrevista:
Augusto Lopes
Entrevistado:
Flávio Borda d’Água
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