Duas gigantes dos setores
agrícola e químico fecharam um acordo de fusão na quarta-feira, um negócio de
US$ 66 bilhões
Monsanto: duas gigantes dos setores agrícola e químico fecharam um acordo
de fusão na quarta-feira, um negócio de US$ 66 bilhões (Daniel
Acker/Bloomberg/)
Duas gigantes dos setores agrícola e químico fecharam um acordo de fusão na quarta-feira, um negócio de US$ 66 bilhões:
a Monsanto, dos EUA, e
a Bayer, da Alemanha, a fabricante original da
aspirina.
Trata-se do maior negócio do ano, que criará a maior fornecedora de
sementes e químicos agrícolas do mundo, com US$ 26 bilhões em receita anual
combinada da agricultura.
Se concretizada, a fusão juntará duas companhias com longas e célebres
histórias que moldaram o que comemos, os medicamentos que tomamos e como
cultivamos nossos alimentos.
Bayer: passado e presente
Em 1863, dois amigos que produziam corantes a partir do alcatrão de hulha
criaram a Bayer, que se transformou em uma empresa química e farmacêutica
famosa por comercializar a heroína como remédio para tosse em 1896, e depois a
aspirina, em 1899.
A empresa foi contratada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e
usou trabalhos forçados. Atualmente, a empresa com sede em Leverkusen, na
Alemanha, fabrica medicamentos e tem uma unidade de ciências agrícolas que
produz maconha e pesticidas.
Sua meta é dominar os mercados de químicos e medicamentos para pessoas,
plantas e animais.
Monsanto: passado e presente
A Monsanto, fundada em 1901, originalmente produzia aditivos alimentares
como a sacarina antes de expandir-se para produtos industriais químicos,
farmacêuticos e agrícolas.
É famosa por produzir alguns químicos controversos e altamente tóxicos,
como os bifenilos policlorados, comumente conhecidos como PCBs e atualmente
banidos, e o herbicida agente laranja, que foi usado pelo exército dos EUA no
Vietnã.
A empresa comercializou o herbicida Roundup nos anos 1970 e começou a
desenvolver milho e sementes de soja geneticamente modificados nos anos 1980.
Em 2000 surgiu uma nova Monsanto a partir de uma série de fusões corporativas.
A empresa agrícola definitiva
Recentemente a Monsanto tentou se posicionar entre os fazendeiros como uma
empresa química e de sementes completa. A ideia é usar informação diretamente
dos campos para descobrir exatamente quando, onde e como os fazendeiros devem
aplicar produtos químicos no cultivo para ter uma colheita maior.
O acordo se concretizará?
A transação seria a maior da história da agricultura, mas não é certa, porque
podem surgir obstáculos antitruste. A combinação de Bayer e Monsanto formaria o
maior ator de um setor com apenas três megaempresas ainda restantes.
Além disso, o acordo pode enfrentar reações na Alemanha, onde a maior parte
dos cidadãos questiona se é seguro consumir e cultivar alimentos modificados.
Futuro da agricultura?
Devido ao domínio da Monsanto no ramo de sementes e à força da Bayer no
segmento de químicos agrícolas, as empresas poderão vender aos fazendeiros um
abrangente conjunto de pesticidas e sementes geneticamente modificadas.
A Monsanto também investiu no emergente setor de agricultura de precisão,
que é uma forma dos fazendeiros descobrirem exatamente a quantidade de
fertilizante ou o tipo de semente que devem usar.
Isso é possível por meio da coleta e da análise de dados sobre o clima e o
cultivo em seus campos em níveis cada vez mais frequentes e detalhados.
A Monsanto e a Bayer argumentam que a ampliação das safras possibilitada
pelo uso desses métodos será necessária para alimentar a crescente população
mundial, que gera uma demanda maior por carne e produtos lácteos.
Artigo: Lydia Mulvany
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