Houthis estão na mira dos Estados Unidos e aliados: quem são, de onde vêm,
como chegaram ao poder e que força têm?
Nota: Os donos do Mundo, Estados Unidos da América e Reino
Unido estão a atacar os Houthis, isto porque os Houthis assumiram o controlo de
grande parte do norte do Iémen – controlam o principal porto de Hudeidah, que
gera até mil milhões de dólares em receitas ao Governo Houthi. Por outro lado, forçaram
milhares de navios a desviar-se para contornar a África do Sul, no qual tem de
fazer muitos mais milhares de milhas e custos acrescidos, então os EUA e RU,
bombardeiam em ataque e em defesa desta causa os Houthis. Pergunto:
- Este é o caminho certo, quando os
Estados Unidos da América e o Reino Unido deveriam apregoar a paz mundial ou
interessa destruir armamento, para gerar milhões e fazerem mais armamento na indústria
do ramo das armas e das bombas!?
o texto a seguir é de; Francisco
Laranjeira
Os Houthis, também conhecidos como
Ansar Allah (ou “apoiantes de Deus”), são um grupo violento de milícias em
controlo sobre grande parte do norte do Iémen. Formado na década de 1990, o
grupo recebeu o nome do seu fundador, Hussein Badreddin al-Houthi, e segue o
ramo Zaidi, do Islão xiita, que representa entre 20 e 30% da população do
Iémen.
Tornaram-se manchete por todo o
mundo na sequência dos ataques perpetrados a navios no Mar Vermelho e foram
alvo já de retaliações dos Estados Unidos e Reino Unido, juntos num esforço de
pacificar a zona. De acordo com Natasha Lindstaedt, professora na Universidade
de Essex, num artigo no site ‘The Conversation’, há quatro coisas que é
necessário saber sobre este grupo islâmico.
Por que foram formados?
A ascensão dos Houthis entronca na
turbulenta história do Iémen, que tem lutado para construir um Estado
unificado: no entanto, o resultado são instituições fracas, nacionalismo fraco,
insurreição e separatismo desde a sua formação, em 1990. Recorde-se que a área
que é agora o Iémen foi dividida em dois territórios – norte e sul – desde o
séc. XIX até 1990. Após o colapso do Império Otomano, o Iémen do Norte ganhou a
independência em 1918. Já o Sul ficou sob controlo britânico até 1967.
As identidades tribais permanecem
fortes, especialmente no Norte, e muitos grupos diferentes mantiveram o poder.
Os xiitas Zaydi lutaram pelo controlo do território que hoje conhecemos como
Iémen durante milhares de anos, com algum sucesso, e sob os Houthis, controlam
partes do norte do Iémen.
Se avançarmos para a era moderna, o
Iémen tem enfrentado conflitos constantes e fracassos estatais. O Norte era
governado pelo ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, desde 1978, que
assumiu a presidência de um Iémen recém-unificado em 1990. Os familiares de
Saleh controlavam partes essenciais do exército e da economia – e a corrupção
era abundante. Embora o Governo central tenha mantido o país unido – Saleh
chegou a afirmar que governar o Iémen era como “dançar sobre cabeças de cobras”
– depois de uma tentativa de secessão do Sul em 1994, havia muitos grupos com
queixas do comando de Saleh.
O grupo mais notável a desafiar o
Governo central no Iémen foram os Houthis. Além de suportarem décadas de
marginalização política, negligência, exclusão económica e, por vezes, terror
por parte do Governo central, os Houthis estavam preocupados com a crescente
influência saudita no país – e com o poder crescente do salafismo e do
wahhabismo, vistos como doutrinas religiosas importadas.
O ponto de inflexão para os Houthis
foi a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003. Influenciados pelo
sucesso do Hezbollah em repelir as forças ocidentais, os Houthis ganharam o
apoio do grupo baseado no Líbano, assim como do Irão – embora os seus
responsáveis neguem qualquer ligação.
Como ganharam o poder?
Para enfrentar o poder crescente
dos Houthis, Saleh lançou uma campanha militar em 2003, com a ajuda da Arábia
Saudita. Embora as forças de Saleh tenham conseguido matar o líder Houthi,
Hussein al-Houthi, em 2004, os Houthis venceram frequentemente Saleh e o
exército saudita.
Provaram ser uma força formidável,
ousando mesmo cruzar para a Arábia Saudita em 2009, forçando o reino a
mobilizar o seu exército para enfrentar a crescente ameaça Houthi.
Depois de eclosão da revolução
iemenita eclodiu, em 2011, os Houthis lutaram para tirar Saleh do poder, para
se juntarem a ele em 2015 – quando se desfez a aliança, os Houthis levaram a
melhor, matando Saleh em dezembro de 2017.
Os Houthis também têm sido uma
força importante na guerra civil iemenita em curso (que começou em 2014), que
causou cerca de 377 mil mortes, muitas das quais civis. Embora seja o Governo
do Sul que é reconhecido internacionalmente, os Houthis assumiram o controlo de
grande parte do norte do Iémen – controlam o principal porto de Hudeidah, que
gera até mil milhões de dólares em receitas ao Governo Houthi.
Qual é a sua influência regional?
Hoje, os Houthis têm cerca de 20
mil combatentes. Desde a morte de al-Houthi, o movimento tem sido liderado
principalmente pelo seu irmão, Abdul-Malik al-Houthi, que afirmou que não
hesitará em atacar os Estados Unidos e respetivos aliados.
Desde o início do conflito em Gaza,
os Houthis têm tentado capitalizar o conflito para aumentar o seu perfil
internacional e como uma demonstração de poder que lhes poderia ganhar mais
influência negocial. Alegando ser solidários com o povo palestiniano, os
Houthis iniciaram uma série de ataques a navios comerciais no Mar Vermelho.
Controlam o acesso ao Mar Vermelho?
Embora a maioria dos ataques Houthi
no Mar Vermelho não tenham sido bem-sucedidos, forçaram milhares de navios a
desviar-se para contornar a África do Sul, o que acrescentou custos e tempos
significativos.
Em retaliação às dezenas de ataques
no Mar Vermelho, os Estados Unidos e o Reino Unido responderam com o seu maior
ataque contra os Houthis desde 2016. No entanto, os ‘avisos’ não foram
recebidos e os Houthis estão mais ansiosos do que nunca para enfrentar os
Estados Unidos de frente.
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