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terça-feira, 17 de setembro de 2024

FOGO NO MATAGAL... em memória dos Bombeiros

FOGO NO MATAGAL...

 


Do alto do seu sétimo andar, fazendo uso dos binóculos com que, habitualmente, mirava os namorados nas dunas, Miguel assistia ao incêndio que, naquele momento, lavrava a pouco mais de quinhentos metros do seu prédio.

As chamas avançavam tão rapidamente que, por instantes, lhe deu a impressão de ser o governo a queimar os nossos impostos; Mas não, não podia ser ou o avanço seria ainda muito mais rápido e tudo arderia muito mais depressa.

 Munidos de baldes, canecos, bacias e até penicos, os populares tentavam retardar o avanço da chamas. Pelos resultados,pareciam as medidas do governo para fomentar a economia.

No meio de toda aquela azafama um velho deficiente, conhecido na localidade por Nibinho do Cavaco, tentava acalmar as chamas com um conta gotas onde, em tempos, se alojara o seu remédio para os ouvidos... Felizmente para ele e infelizmente para muitos não se queimou...

Levando tudo á frente, as chamas rapidamente atingiram um celeiro de dois andares onde, no rés do chão, se armazenava a palha para os animais. Num ápice os fardos de palha foram consumidos pelas chamas e Miguel pensou que, desta forma, o governo ficaria sem alimentos para o inverno que se avizinhava.

No segundo andar um velho banco de plástico estava prestes a arder mas um piparote de um coelho desajeitado e em aflição fizeram-no caír dentro do tanque de rega para, desta forma, se salvar.

As sirenes e os pirilampos anunciaram a chegada do bombeiros que, com as mangueiras entesadas, penetraram as Portas e partiram as janelas apontando as agulhetas para o centro do celeiro onde se concentrava a força motriz daquele fogo ameaçador.

Com a coragem própria de heróis desconhecidos os bombeiros, mesmo sem equipamentos de proteção, subsidio de alimentação, reforma após oito anos de serviço, cartão de crédito, viatura e chauffeurs ao seu serviço nem um carro oficial para levar a esposa ao cabeleireiro, rapidamente controlaram o fogo.

Durante o rescaldo, no meio de animais mortos, apareceu, aos pinchos, o Coelho que se salvara porque, durante todo aquele tempo, tinha permanecido na toca.

No final de tudo apareceu o Seguro que disse declinar qualquer responsabilidade porque a causa que dera inicio ao terrível incêndio não estava prevista nas clausulas contratuais...

 

Manuel A.P. Sousa


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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