Não é da idade!
Rio por fora e choro por dentro
Não sabes o meu pensamento
Triste e cansado
Não é da idade
Talvez da saudade
Sei que há uma fraqueza
E mais que um sentimento
Que sinto de certeza
No meu discernimento
Que me leva ao lamento
Até agora era uma icónica
E passou a ser presente
A culpa do sentimento
De nunca ter contado
E sempre ter guardado
Ai, no meu cofre fechado
A ganhar bolor
No fundo da gaveta
Nada disto é treta
Da escrita a decompor
Desabafo nos meus livros
Nos tempos perdidos
Na minha alma
Aquela que me acalma
Nas noites descomedidas
Por ser uma alma boa
De nada sentir à toa
Sou consistente e verdadeiro
Confio no inconfiável
Que me amaldiçoa
Nem todo poema é amor
Pode ser até furor
Ter ali fantasia
Transmitindo a felicidade
Dum pequeno sonhador
Às vezes nada existe
Embora a ideia persiste
Quando pode ser um protesto
Usando o verso
E tentar desabafar
O porquê de rir por fora
Espalhar-te de lágrimas por
dentro?
Ser feliz sem o ser
Enganar o próprio amor
E a tua felicidade
Não é da idade
Embora possa parecer
Eu bem-quero crer
Ou até querer
Que era da mocidade
Mas algo está errado
Nesta meia felicidade
Que me tem atraiçoado
Numa vida de afazeres
E de ter tanto perdoado
Tudo se torna uma rotina
A fazermos vista fina
E omitimos a verdade
Daquilo que é a felicidade
Duma vida condigna
Nunca gosto de dizer não
Detesto que me neguem
Uma mão lava a outra
E duas mãos lavam a cara
Nem tudo são contos de Fada
As pequenas desavenças
Trazem alguns conflitos
Mas o ódio e a perseguição
São muito mais traiçoeiras
E causam a grande desilusão
A inveja é evidente
Há corruptos e ladrões
Vejo tudo no meu consciente
O mundo a desfalecer
Mas nunca perco a feijões
Sou vencedor e sempre venci
Há-de vir quem me tira do sério
Pelo meu grande valor moral
Que trago comigo de Portugal
Sem qualquer mistério
Sou eu e sempre serei
Não vou mudar o mundo
E nem a mim porque sim
A minha dignidade vem do fundo
Da raiz e da humildade
Da razão e felicidade que nunca
me tirarão!
Autor; Quelhas