Pobreza no
Luxemburgo: quase metade dos portugueses enfrenta dificuldades financeiras
A situação económica
dos portugueses no Luxemburgo já não é a mesma de há duas décadas. Atualmente,
42% da comunidade portuguesa admite ter dificuldade em pagar as contas no final
do mês, um aumento de 3.750 pessoas em relação ao ano anterior.
Por, Tomás Guerreiro
“A Revista
Repórter X sabe que o Luxemburgo é o país mais rico da Europa, davam subsídios
chorudos a mães que tivessem filhos para a comunidade crescer, de repente o
país dá uma reviravolta, vamos lá saber porquê. Sabemos que o Luxemburgo
oferece transportes públicos e, com esta crise, talvez o melhor do Luxemburgo
venha a mudar para pior.”
Uma Comunidade em
Dificuldade
Conforme o último
relatório do Instituto de Estatística do Luxemburgo (STATEC), os portugueses
são a comunidade emigrante que mais enfrenta carências económicas. Enquanto 42%
dos portugueses reportam dificuldades financeiras, apenas 24% dos franceses afirmam
o mesmo.
Alexandra Oxacelay,
diretora da cantina social “Stëmm vun der Strooss”, observa que muitos
portugueses trabalham em setores como a construção civil, limpeza e
restauração. Essas áreas, embora empreguem muitos, são caracterizadas por
trabalho a tempo parcial e contratos precários, dificultando o acesso à
habitação e ao crédito, além de estarem associadas a baixas remunerações.
Crescimento da
Pobreza
O relatório revela
que 8,2% das famílias portuguesas no Grão-Ducado vivem abaixo do limiar de
pobreza, enfrentando grandes dificuldades financeiras. O mercado de trabalho no
Luxemburgo também não tem a mesma capacidade de absorção de mão de obra,
levando Oxacelay a afirmar que “muitos portugueses esperam emigrar para o
Luxemburgo, mas não encontram empregos. O sonho de uma vida melhor tornou-se
distópico, já não é como há 20 anos, quando era mais fácil estabelecer-se.”
A Realidade do
Custo de Vida
Apesar dos altos
salários, o custo de vida no Luxemburgo, especialmente em relação à habitação,
é elevado. O estudo do STATEC aponta que as famílias residentes são cada vez
mais propensas a relatar dificuldades financeiras, com a percentagem a subir de
20% para 22% em comparação com o ano anterior.
Os indicadores não
monetários, como a capacidade de gozar férias anuais ou evitar pagamentos em
atraso, também corroboram esta tendência. Os trabalhadores portugueses são os
que apresentam os salários mais baixos entre as nacionalidades com maior
representação no país, com apenas 58% a considerar que são adequadamente
compensados pelo seu trabalho.
Despesas com
Habitação
As despesas com
habitação representam um peso significativo no orçamento das famílias. Segundo
Bruno Pires, encarregado de obra em Luxemburgo, “o custo elevado da habitação,
incluindo amortizações de empréstimos e rendas, torna a situação financeira
muito complicada, especialmente para quem vive do salário mínimo.”
Dependência da
Segurança Social
A pobreza afeta não
só a comunidade portuguesa, mas também outras comunidades, como a francófona e
até mesmo os luxemburgueses nativos. Entre os utilizadores da cantina social
“Stëmm vun der Strooss”, 15% são portugueses, tornando-os o grupo mais representado,
seguido pelos luxemburgueses (13%).
“A pobreza no
Luxemburgo reflete a desigualdade da sociedade que construímos. Com uma grande
comunidade portuguesa, é natural que muitos enfrentem dificuldades económicas”,
conclui Alexandra Oxacelay.
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