Saudades da minha terra, Medelo
Por; José Maria Ramada
Porque será que de Medelo me esqueço?
E, sempre te traga a minha aldeia no coração
Talvez porque sem visitar esta terra não passo
Dos familiares, amigos e conhecidos sinto saudades
Dando-lhes um abraço ou simplesmente um aperto de mão
Saudades… Saudades que tenho de outros tempos
Das Antas, do Rio, Pinheiros, Mó, Vale, Rua nova e tantos outros
Da fruta que às escondidas apanhava-mos (roubava-mos)
Dos banhos no tanque das Paredes e na Ribeira
Das malandrices inocentes, tomando banho nus
Na poça do Vale, na ponte do Soeiro ou na Pedreira
Dos lugares de outrora hoje ruas
Jogar á pião, á beta, trocar cromos de futebol e cowboys.
Dos carrinhos de arame, das rodas de aros e do futebol
Ver as raparigas saltar á corda e jogar á macaca
Dos carrinhos de rolamentos e da bola de trapos
Nas ruas de terra ou no saudoso campo das Antas
Porque será que Medelo nunca esqueci?
Quando para trabalhar na Suíça
E em Outubro de 1981 parti!
Porque será que sempre volto Medelo?
Encontro aconchego, carinho e amizade?
Que saudades do anoitecer de verão
Com fisgas atirávamos aos morcegos
Jogar ao moucha, ao lencinho e às corridas
Á volta da velha casa de pedra
Saudades das noites de lua cheia
E os conselhos dos mais velhos
Hoje longe de ti como tantas vezes
Recordo com imensas saudades,
Os pássaros nas árvores, os gatos e os rafeiros dos vizinhos
Quando sentado no balcão de casa, nesta ilha encantada
Olhando o mar e pensar que do outro lado fica Medelo
Os meus olhos perdem-se no horizonte pensando na minha terra
As gargalhadas alegres das suas gentes
É tudo tão belo, fecho os olhos para te sentir dentro de mim
Inspirando a minha poesia
Envoltos no misterioso perfume das dálias, rosas e jasmim
Um copo de tinto verde, tirado da pipa
Ai Medelo de outros tempos, que saudades
Sonhando com um cozido ou a vitela assada
Entre uma feijoada ou até um estufado
Um golo da tigela de barro e um pedaço de bolo com sardinhas.
São sonhos do meu tempo de criança às vezes rebelde
São desejos de cada dia voltar
Todos os mais velhos e amigos abraçar
Saudades da minha mãe e do meu pai que tão cedo partiu
Saudades de Medelo, terra querida
Mesmo numa ilha belíssima e encantada
Tenho saudades da minha terra…. Medelo.
Mas quando a noite cai e a penumbra te abraça
És a minha terra muito mimada
Que tanto me deste e eu a ti quase nada
Entre tanta emoção e paixão
És meu porto de abrigo, esteja onde estiver
Medelo….Tenho-te sempre no coração.
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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