Eleições, são uma conversa da treta:
Muito antes da abertura oficial das campanhas eleitorais, já os órgão de comunicação social nos bombardeiam com uma certa política barata e uma mão cheia de promessas que salvo raras excepções nunca são cumpridas.
Revistas e jornais enchem-se de artigos políticos das mais diversas ideologias que não interessam a nada nem ninguém, parece um encher de páginas que juntando á muita publicidade pouco resta de útil, como um cómico nacional muito conhecido diz: “ depois de espremido não dá sumo nenhum”.
Parece que os políticos se habituaram a prometer para não cumprir, a maioria daqueles que faz da sua vida política está de acordo: “Se fizessem obra estavam tramados”, prometem uma estrada numa aldeia, as pessoas votam porque precisam de melhores vias de comunicação, mas passados os quatro anos, apenas taparam alguns buracos e a estrada continua como anteriormente, um simples caminho para veículos todo terreno.
Á boa maneira de sempre, esses políticos apresentam mil desculpas, milhares de razões e choradinhos. Voltam a prometer, e o povo que é sereno mas não é burro, acredita em quase tudo volta a votar, mandato após mandato até que algum dia a cor do alcatrão irá aparecer, que mais não seja para valorizar os terrenos de alguém que por baixo da mesa deu alguma coisinha, de um ou outro amigalhaço ou familiar que tem por aquelas bandas o dito terreno que logo duplica ou triplica de valor, enfim, é politica, metade da aldeia fica fula, mas logo passa com as novas promessas de acabar com umas tantas curvas e mais uns buracos que entretanto apareceram.
O segredo na verdade é prometer e não fazer. Um novo ciclo terminou, alguns autarcas saem fartos de tanto choradinho e não poderem fazer mais porque os recursos não chegam e pior ainda quando o poder autárquico superior não é da mesma cor, outros saem pela porta pequena e com nomes que não lembra ao diabo até as mães deles pagam sem culpa nenhuma.
Muda-se um ciclo vicioso e começa outro exactamente igual, os políticos são a escolha do povo. Uma boa escolha ou uma má escolha mas são uma escolha de gente livre que pelo poder do voto colocou lá aqueles em quem acreditou. As classes políticas que temos, bem essa, deixa um pouco a desejarem e nada nem ninguém consegue obrigar a cumprir o que é prometido, já não há aqueles contratos de palavra que valiam muito mais do que os de hoje feitos em notários e afins.
Todos acreditamos (eu pessoalmente não) que depois de eleito o senhor presidente é-o de todos os seus concidadãos, mas será mesma assim? Será que a ideologia política, a cor da bandeira, não fala mais alto? Se calhar também é por estas e outras razões, que mais de metade anda farto de politiquices baratas e nem vão votar.
Mas se ao longo do ano passado, os jornais enchiam as suas páginas de opiniões políticas, promessas e mais promessas elogios aos amigos e aos partidos esquecendo a verdadeira essência da sua razão de ser, comunicar, noticiar etc. Mais próximo das eleições foram os debates televisivos às principais câmaras, oh valha-me Deus porque nem pedindo a todos os Santos chego lá. Agora são os artigos de opinião políticos e as eleições nos outros países que ocupam espaço de antena e pouco ou nada nos dizem porque no fundo é sempre a mesma coisa, e mais do mesmo.
No fundo, na ocasião das eleições, parece um pouco as festas populares das aldeias.
As pessoas de porta em porta a pedirem uma esmolinha para o santo (os políticos pedem o voto para eles mesmos, prometendo mundos e fundos que sabem de antemão que não vão cumprir), muitas bandeiras espalhadas um pouco por todo o lado a anunciarem a festa (imensos cartazes em todo o lado em especial nas rotundas e pendurados nas árvores).
A grande diferença é que antigamente no fim da romaria as pessoas limpavam tudo, hoje os partidos políticos deixam montes de sujidade por todo o lado, além do desperdício de papel, a imensidão de plástico espalhado e como se costuma dizer quem vier atrás que feche a porta ou seja que limpe a pocilga que os porcos deixaram, vindo mais tarde com palavrinhas mansas nos meios de comunicação falar sobre o ambiente, quando os partidos políticos são também eles poluidores e dos maiores.
Por falar mais uma vez em comunicação social, ainda comecei a ver alguns debates mas logo ficava farto de tanta barbaridade, o que prevalecia era o ataque pessoal, as criticas e o insulto e não o debate de ideias sobre os problemas fundamentais dos portugueses, como seja o desenvolvimento do País e o apoio às classes mais vulneráveis, designadamente os jovens e os mais idosos e pensionistas, porque os animais e muito bem têm quem os defenda com unhas e dentes, pena que os outros ditos animais racionais com pensões de miséria, os sem abrigo e todos aqueles milhares que vivem em extrema pobreza, sejam simplesmente esquecidos. Desculpem, são lembrados para as câmaras de televisão e em grandes show off, por ocasião do Natal, porque pensa-se que apenas necessitam nessa época do ano.
Miséria de políticos, candidatos e partidos que temos no nosso País, a ambição pessoal ou partidária não tem regras nem limites, não importam os meios para alcançar os fins.
Para terminar, as eleições já passaram, uns ganharam outros perderam, mas o curioso é que todos os partidos gritaram vitória, afinal em que ficamos, ganharam todos ou houve quem perdesse? Se me for permitido fazer um pedido aos eleitos, esqueçam agora aqueles que votaram em vocês, sejam governantes de todos os portugueses e não apenas daqueles que têm a cor do vosso partido.
Para as autárquicas, até daqui a 3 meses, mas muita poluição continua exposta aos nossos olhos, presidenciais já não falta um ano, para as legislativas se tudo correr bem até daqui a 4 anos e Europeias até daqui a 2, até lá, façam os possíveis com cumprir com as vossas promessas, porque mentir além de ser feio é uma vergonha.
Escritor, José Maria Ramada
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial