Pesquisar neste blogue

Übersetzung in Ihre Sprache

Número total de visualizações de páginas

sábado, 13 de dezembro de 2025

Jorge Pinto é o nome que o Livre apoia e que abre esta narrativa pobre, porque é dele que tudo parte e tudo se revela fraco.

Jorge Pinto é o nome que o Livre apoia e que abre esta narrativa pobre, porque é dele que tudo parte e tudo se revela fraco. 

Nada fica de fora, talvez ele próprio, nada se perde, acharemos melhor, apenas se limpa a palha e se diz o essencial com firmeza e verdade, mas não se faz.


Jorge Pinto surge num país corroído pela corrupção, praga que atravessa governos, câmaras municipais, juntas de freguesia e o próprio Serviço Nacional de Saúde, etc... Há médicos deslocados que recebem benesses, alojamentos pagos, ajudas monetárias até em tempo de descanso, e passam longos períodos ausentes dos consultórios, enquanto a população local sofre e morre e os profissionais honestos carregam o peso do trabalho de todos. É o retracto de um sistema que se habituou ao desleixo e à injustiça, onde a impunidade floresce ao lado da conivência autárquica. Exemplos como o de S. João da Pesqueira, onde apenas duas médicas sustentam o serviço de quatro contractadas, revelam a gravidade de um país que deixou a corrupção tornar-se rotina.

É neste cenário que Jorge Pinto aparece como candidato à Presidência da República, dizendo-se homem da esquerda mas vindo do Livre, partido que se apresenta como fora do sistema, mas que não tem peso político. Era esperado que fosse voz de ruptura, combatente contra os vícios instalados do PS, PSD e coligações, defensor da transparência e da justiça. Poderia erguer-se contra o que está podre, expor os mecanismos que desviam recursos, denunciar a falta de seriedade que mata serviços públicos e esperança. Poderia, mas não o faz.

Porque Jorge Pinto tropeça nas próprias palavras. Diz o dito pelo não dito. Primeiro admite desistir a favor de António José Seguro, depois afirma que, na verdade, preferia Sampaio da Nóvoa. Confessa que esperou até à última hora por um candidato de fora dos partidos que unisse a esquerda, como se a sua própria candidatura fosse remendo de outra que nunca apareceu. E ainda acrescenta que não quis ser “pobre tolo”, frase que revela hesitação e não convicção. Depois declara que dissolveria o Parlamento se a direita avançasse para uma revisão drástica da Constituição.
Então desiste ou dissolve?
Ninguém sabe, talvez nem ele saiba. Quem promete lutar e ao mesmo tempo fala em abdicar está a brincar com a própria ideia de República.

Este candidato é um atentado à idiotice, porque não diz uma coisa com a outra. Fala em fazer, mas prepara-se para não fazer nada. Promete firmeza, mas exibe dúvida. Diz que combate o sistema, mas age como alguém que está pronto a sair pela porta ao primeiro vento. Assim não há rumo, não há força, não há autoridade moral. E um país não se guia por quem oscila como folha ao vento.

No meio disto, a comunicação social acrescenta à confusão um teatro que enfraquece a democracia. Segundo dizem, Catarina Martins aparece em debates televisivos mesmo sem ter ainda as 7.500 assinaturas entregues no Tribunal Constitucional. Portanto, esta candidata está a tirar tempo de antena a outro candidato que foi excluído dos debates. Joana Amaral Dias queixa-se de não ter sido convidada, mas ela própria não apresenta as assinaturas necessárias e, neste caso, perde a razão.
Então que critério é este?
Quem tem palco sem cumprir regras, quem cumpre regras sem ter palco?
A democracia serve a quem, afinal?

Eu, enquanto candidato independente, tinha mais de cinco mil assinaturas validadas, caminho duro percorrido, quase a tocar o limiar final. Desisti, mas por bom senso, não por teatro, não por oportunismo. Até poderia ter sido escolhido por André Ventura caso ele não avançasse, e isso teria lógica e coerência. Desisti porque a comunicação social não é isenta. Fiz site profissional, fiz uma apresentação oral, fiz uma letra original e cantada, tive morada em Lisboa, como obrigam a um candidato, construi o formulário das assinaturas e, com tanto entrave, vejo um candidato aqui no meio perdido no circo, faz-me lembrar um concorrente desistente no Big Brother que retira lugar a quem tanto queria entrar, mas isto não é um show. Infelizmente assistimos ao contrário: candidatos que brincam com a candidatura, ou a comunicação social que brinca com os candidatos. Há algo aqui que não bate bem, algo que insulta o eleitor e desonra o país. Uma democracia fraca e um jornalismo fraco alimentam-se um ao outro, até sufocarem a verdade.

Quem escreve isto sabe do que fala. O ex-candidato a Presidente da República, Quelhas, João Carlos Veloso Gonçalves, que viu por dentro o que muitos apenas suspeitam. Fala porque sabe. Porque viveu a injustiça do silêncio mediático e a incoerência dos critérios. E porque vê claramente que Jorge Pinto, com oscilações, contradições e promessas vazias, não é farol, é “névoa”, não é “seguro”. Uma figura que recebeu o privilégio dos debates televisivos, privilégio negado a quem o merecia mais, e desperdiçou-o em frases que se desmentem a si próprias, a não ser que os jornalistas mentissem.

A política não é brincadeira, a Constituição não é brinquedo, e a República não é palco de vaidades. O futuro precisa de coragem, de verdade e de firmeza. E só constrói o amanhã quem diz o que pensa e faz o que diz. Este diz que faz, mas dá e tira, não dá nada.

Assim se ergue este texto, inteiro, unido, purificado, dizendo tudo o que era para dizer, sem tirar nada do essencial, porque a verdade não aceita cortes nem conveniências. É vergonhoso desistir da corrida a Belém, seja quem for, é fazer pouco de quem assinou o formulário de assinaturas e é vergonhoso para Portugal, e o Livre deve ser castigado por isso, porque tem uma cota-parte da culpa.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Sem comentários: