Roubar para comer ou morrer à fome, assim está a Suíça:
Acabo de ver e ouvir um funcionário de um Quiosque a chamar por um rapaz
jovem para voltar, para pagar o que pegou nas prateleiras e levou para consumo.
Fugiu!
Na sequência do relato que vou prescrever, vou tentar explicar o seguinte:
Depois de várias vezes ter dito que entrou na Suíça uma multidão de jovens
através de Espanha, espanhóis e sul-americanos, que obtiverem o Cartão do
Cidadão espanhol/ europeu, 'entre outros povos', para trabalhar nos serviços de
Temporário, principalmente nas limpezas no qual são mal pagos e maltratados,
venho a saber muito mais que aquilo que presenciei sobre esta emigração à
rasca, faminta e preocupante para quem tem bom coração.
A maior parte deles vem com um saco às costas, sem trabalho, sem tecto e
sem comida, com uns euros no bolso, apenas tem um ou outro conhecido a
trabalhar já nos Temporários. Todos eles resistem às dificuldades, a número um
é a língua, a número dois é ter onde dormir e comer nos primeiros dias enquanto
não entra nenhum dinheiro. (normalmente ajudam-se uns aos outros). Terceiro
arranjar trabalho, (não falta trabalho para limpar vidros no Verão!) Depois o
factor número quatro é a sorte, ter um guia para os orientar. Como orientam?
Uns dão dormida e comida. Recebem os seus conterrâneos sem condições por não
terem cama onde dormir, mas não dormem debaixo da ponte. Sustentá-los como
podem, muitas vezes com dificuldades acrescidas lá vão ajudando. Levá-los a um
Temporário para obter trabalho temporário. Normalmente quem ajuda, em maioria
quer retorno, acabam sempre com alguns conflitos. Uns vem para ficar e outros
vem para ganhar uns trocos durante os 3 meses permitidos na Suíça. Há os
que vem como Turistas e recebem à semana a negro para não pagarem o Seguro
obrigatório na Suíça e há os que recebem à semana e descontam e pedem a
Permissão ao Cantão Policial onde habita. Quase todos eles vão sofrer
discriminação racial, laboral e vão ser corrompidos nas horas de trabalho que
fazem diariamente.
Quando recebem à mão a semanada, preocupam-se com os familiares que
deixaram, ninguém vem nesta aventura ao calhas! Logo tem à perna a pessoa que
os está a ajudar, (enquanto outros sem sorte dormem na rua) pois que a vida
está cara, de quase todos os emigrantes Temporários que conheço, deram-se mal
com quem ajuda, os familiares e amigos são os piores... A discriminação começa
nos ordenados mal pagos e valores roubados em horas laborais. Os que estão a
negro nem sequer podem reclamar. Os que descontam para poderem ter o direito ao
Permisso B, também têm de estarem caladinhos, senão ficam em casa e lá se vai o
sonho de permanecer na Suíça. Para ter direito a contracto de casa tem de ter
no mínimo trabalho e na sequência, o Permisso da Polícia e para ter trabalho
permanente tem de ter morada, ou seja, para trabalhar tem de ter documentos e
para ter casa tem que ter trabalho. (faz lembrar; quem nasceu primeiro, o ovo
ou a galinha). A discriminação passa também e logo a seguir por quem dá tecto
de casa, quer logo a semanada para cobrir despesas, não se importando com a
vida pessoal e familiar do próximo, logo se vê que ajudaram por interesse. Há
outra discriminação, as casas de Temporeiros fazem o empregado se deslocar para
outros cantões não pagando os transportes. O direito à refeição é evidente, mas
o pagamento nunca bate certo. Tiram um bocadinho de cada lado e enriquecem à
custa do trabalhador desgraçado.
No trabalho já vi a berrar com os Temporeiros, atirarem-lhe com o objecto
de trabalho pelo chão adiante, portanto discriminação laboral, isto porque em
vez de ensinar primeiro, to.am atitudes perigosas. Esquecem-se que muitos
destes Temporários são formados em várias áreas sociais laborais! Reparei que há
Temporários a trabalhar, que não comem na pausa das 9h e nem ao almoço pelo
meio dia. Oferecemos ajuda e tem vergonha e não aceitam.
Nas ruas de Zurique muitos pedem roupas para dormir ao relento. Muitos
roubam para comer e acabam presos e é a solução para serem enviados de volta
pela polícia. Se de início disse que um funcionário foi atrás do rapaz
que tirou algo para comer, para mim não é roubar, é sobreviver. O funcionário
procedeu mal, não lhe adiantou nada fazer essa palhaçada, como se o Quiosque
fosse dele. Eu já matei várias vezes a fome a pessoas na rua, eles nem
mastigavam, engoliam famintos, não falo em dar dinheiro, falo em dar comida.
Vê-los comer...
O artigo continua mais tarde. Sujeito a correcções para publicar oficial.
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para a Revista Repórter X Editora Schweiz.
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