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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Sempre ouvi dizer que, muitas vezes, dá mais quem menos tem!

Sempre ouvi dizer que, muitas vezes, dá mais quem menos tem!

 


Agora, não ouço só, sou capaz de ver. Vejo que são as pessoas a quem a vida menos sorri a oferecer um sorriso às pessoas com quem se cruzam. Vejo que são as pessoas a quem a vida menos ajudou a estender a mão às pessoas que, de outra forma, deixariam cair os braços. Vejo que são as pessoas para quem a vida menos olhou a olhar pelas outras. Vejo que são as pessoas mais castigadas pela vida a perdoar primeiro. Vejo que são as pessoas que a vida mais quis magoar a aliviar o sofrimento das outras. Vejo que são as pessoas que não foram amadas como mereciam amar desmedidamente as outras. Vejo que só compreende a vida quem teve de aprender por si. Na dor pequena não cabe a grande, mas a grande todas as dores compreendem. Há uns tempos, fui ao hospital acompanhar uma colega alemã que estava doente e enquanto estivemos à espera que a minha colega fosse chamada para fazer exames, outras pessoas aguardavam também a sua vez ou a da pessoa que estavam a acompanhar. Entre essas pessoas, houve uma que me chamou a atenção. Um homem, já não muito novo, com um casaco ao xadrez, talvez ainda mais velho do que ele, que o engolia de tão grande que era, permanecia de pé ao lado de uma maca, onde estava deitada uma senhora, que vim a perceber ser a sua mãe. Eu gostava de ser capaz de descrever o olhar do homem descido sobre o rosto da mãe, mas não sou. Havia amor e cansaço e medo. E, enquanto os dedos magros do homem passavam pelos cabelos brancos da mãe, o casaco parecia ainda maior e mais desbotado e pensei que talvez nos dias daquele homem, que se abandonava assim à ternura dos gestos que repetia, tudo na vida o tivesse abandonado e nada tivesse sido à sua medida, nada, a não ser o amor da mãe.

A minha colega lá foi chamada diagnosticada. Viemos embora, mas sempre com a minha cabeça naquela imagem de ternura...

 

Desejo a todos assinantes e colaboradores e a todos que ajudam a Revista Repórter X a ter um calor enorme através da sua escrita aos seus leitores.

 

Um Natal cheio de Saúde Amor e que o Ano Novo traga paz ao mundo inteiro.

 

Maria Kosemund

Representante Alemanha


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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