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terça-feira, 10 de outubro de 2023

A Prevenção e o rastreio do Cancro da Tiroide e como tratar rapidamente (A Carla Santos é um exemplo de como devemos de nos cuidar com a saúde)

A escolha é fácil: Viver!

Criei um espaço de comunidade no Facebook, para quem quiser partilhar a sua história “O meu dói, dói”.



Carla Santos: a Prevenção e o rastreio do Cancro da Tiroide e como tratar rapidamente

 

Há um ano atrás…

 

A minha história começa em 2013 quando emigrei para Zurique, Suíça.

Chamo-me Carla Santos, tenho 34 anos, sou casada e tenho uma filha de 6 anos.

Após ter emigrado em 2013, tive uma crise de rinite alérgica que me levou às urgências pela primeira vez em 2014. Dessa urgência surgiu a dúvida se estaria a ter problemas com a Tiroide que há posterior me foi confirmado em Portugal.

O diagnóstico era Hipotiroidismo. Após este diagnóstico confirmado o passo seguinte é a toma de medicação diária que realizava religiosamente todos os dias até 2016.

 

Considero me uma pessoa bem informada e até de mente bastante aberta no que toca a informação sobre doenças, curas, sintomas, tratamentos. E também pelo facto de ter, infelizmente e felizmente pessoas amigas e familiares que já tinham passado por um processo de doença e cura que me levaram a reconhecer sintomas.

 

Fui criada por mulheres fortes e resilientes que também elas passaram ambas por Cancro da Mamã. É uma luta não só da pessoa que a transporta como de toda a família. Existe medo pelo presente, pelo futuro, medo pelas cicatrizes e medo pela pegada psicológica que inevitavelmente afecta todo o agregado.

 

Em 2017, após a minha licença de maternidade deixei a medicação que tomava diariamente porque não me sentia confortável com a mesma, na esperança de perceber se seria a medicação ainda adequada ou não. Os controles sanguíneos duas vezes por ano eram para mim imperativos seguido de ecografias. Estando controlada deixei a medicação até 2019.

 

Sempre que vou de férias a Portugal faço religiosamente um check up e foi numa dessas análises que a a primeira ecografia revela um nódulo de 8mm. Aparentemente nada de grave, sempre controlado estava segura.

 

Eis que surge o tempo de Covid e os meus controles foram reduzidos a análises sanguíneas porque não achava necessário, tinha tudo em dia. Mas os sintomas como queda de cabelo, aumento de peso, falta de energia, insónias nesta altura atingiram o limite.  Foi então a Fevereiro de 2022 que decidi fazer estudo aprofundado da Tiroide e da sua disfunção. A minha médica de família de Portugal recomenda me exames sanguíneos e ecografia. Recordo me que na hora do exame a médica questiona me se alguma vez tinha realizado uma “picada” na Tiroide.  Foi aí que senti que já estava escrito o meu diagnóstico. Após aconselhamento médico fiz a realização da biopsia em Abril de 2022, quando regressei novamente de Férias. Estes exames chegaram em cerca de 8 dias via email, rapidamente informei a minha médica que me sugeriu uma operação de remoção de nódulo. Este nódulo já tinha 11mm e embora existam pessoas que vivem com nódulos e está tudo controlado, no meu caso agravava-me os sintomas e o resultado da biopsia tinha sido inconclusivo, o chamado Categoria 3. Portanto teria que ser operada essa era a minha certeza.

Com estes resultados em mãos chegou a hora de contactar o meu médico de Família na Suíça e pedir para me encaminhar há especialidade e seguida de operação. Tendo feito todos os testes necessários deu se então a marcação da data da Operação.

 

Trabalhei até ao dia anterior há operação, assim preferi afinal era o que me abstraia.

Chegamos a 07.07.2022 e pelas 10h da manhã entrei no bloco operatório, escusado será dizer que os nervos estavam incontroláveis o que é de se esperar e recordo-me de todo o pessoal hospitalar ser de uma meiguice e simpatia extraordinária, super profissionais. Mas o medo maior desta situação era adormecer e não acordar mais, lembro-me de pensar na Nossa Sra. De Fátima de quem sou devota e pensar se tinha feito tudo o que queria fazer e dizer a quem amo até aquele dia, pois se aquele pudesse ser o meu final, como se lembrariam de mim? Adormeci. Pelas 12h30 ouço alguém sussurrar o meu nome. Começo a despertar e vejo que estou bem, estou no recobro, novamente pessoal altamente meigo, humano, profissional, incrível. Estive cerca de 3 horas em recobro, a minha vontade era levantar-me a toda a velocidade e pegar no telemóvel, só queria dizer a todos que estava bem e ouvir a minha filha. Eis que duas simpáticas enfermeiras se dirigem a mim para me levar ao quarto onde iria ficar e me diz com um sorriso de orelha a orelha: “Frau Carla, vamos lá embora que tenho lá em cima o seu marido e a sua filha Leonor há sua espera há imenso tempo. “Foi tudo o que queria ouvir”.

 

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A escolha é fácil: Viver!

 

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O cirurgião visita-me no dia seguinte para me dizer que a operação tinha corrido muito bem, mas infelizmente o nódulo era um carcinoma. Não me lembro de ouvir mais nada a não ser esse nome e que teria que regressar ao bloco operatório novamente, desta vez para retirar toda a Tiroide. Tremi, bloqueei e nada mais consegui entender. Não sou fluente em Alemão, não tinha tradutor e naquele momento só me recordo de questionar em inglês: positive to Câncer? Acenou com a cabeça que sim e rapidamente procurou tranquilizar me.


 

A recuperação da segunda operação foi mais difícil, senti imensas tonturas, um tanto de náuseas. Mas eu só queria despachar aquilo e saber qual a conclusão médica.  Após 2 dias de internamento, vim para casa.

 

O diagnóstico foi me dado 1 semana após a operação, 7 nódulos foram retirados 4 deles micro papilares 1 deles no vaso linfático. O medo deste diagnóstico era, como vou eu viver com este diagnóstico?

O cancro da Tiroide tem uma taxa de Cura muito boa. E a percentagem de recuperação é muito rápida e boa.

 

Após a remoção da Tiroide, a chamada Tireoidectomia, vem o tratamento. É necessário a toma de um comprimido de iodo radioativo e ficar isolado. Este foi o passo seguinte, e que felizmente correu bem e super-rápido. E agora, seguiam os controles a cada 3 meses. Em Março de 2023 recebo finalmente a notícia, tudo tinha corrido bem, sem metástases. E em Julho de 2023 recebo finalmente a boa nova que estou fora de perigo.

 

Eu despedi-me de uma Carla naquele Hospital. É inevitável não se fazer. Renascemos, achamos que uma segunda oportunidade de Vida nos é dada onde nada é garantido a não ser aquilo que fazemos e deixamos aos outros.

 

Decidi que a partir daquele momento, eu iria mudar as minhas prioridades. A criação de memórias com a minha filha e tempo passado em Família era ainda mais obrigatório e imperativo. Essa é a herança que lhe quero deixar.

 

Não sei o que o Futuro me reserva, nem se estarei livre de outro diagnóstico, mas ou vivo em receio e não aproveito o que a Vida nos dá, ou sigo em frente e vivo o presente da melhor maneira que sei e posso.

 

A escolha é fácil: Viver!

Eu não tenho palavras pra agradecer todo o apoio que recebi e recebo de toda a família, amigos e conhecidos e ao sr. João Quelhas pelo convite em partilhar a minha história.

 

Quero partilhar para que outros possam reconhecer os sintomas e que sirva de alerta às pessoas que sofrem desta doença silenciosa, para que visitem os seus médicos e peçam 2 ou até 3 opiniões médicas. Nunca deixem de fazer os exames de rotina e os vossos rastreios.

A mim salvou-me a Vida.

Esta é a minha História, felizmente com um final feliz. Mas existem tantas outras que ainda não chegaram ao seu final. É por essas que partilho. Não estão sozinhas na luta.


 

Vielen Danke zum allen Arzt und pflegehrin von TriemliSpital.

 

Criei um espaço de comunidade no Facebook, para quem quiser partilhar a sua história “O meu dói, dói”.

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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