A escolha é fácil: Viver!
Criei um espaço de comunidade no Facebook, para quem quiser partilhar a sua história “O meu dói, dói”.
Carla Santos: a
Prevenção e o rastreio do Cancro da Tiroide e como tratar rapidamente
Há um ano atrás…
A
minha história começa em 2013 quando emigrei para Zurique, Suíça.
Chamo-me
Carla Santos, tenho 34 anos, sou casada e tenho uma filha de 6 anos.
Após
ter emigrado em 2013, tive uma crise de rinite alérgica que me levou às
urgências pela primeira vez em 2014. Dessa urgência surgiu a dúvida se estaria
a ter problemas com a Tiroide que há posterior me foi confirmado em Portugal.
O
diagnóstico era Hipotiroidismo. Após este diagnóstico confirmado o passo
seguinte é a toma de medicação diária que realizava religiosamente todos os
dias até 2016.
Considero
me uma pessoa bem informada e até de mente bastante aberta no que toca a
informação sobre doenças, curas, sintomas, tratamentos. E também pelo facto de
ter, infelizmente e felizmente pessoas amigas e familiares que já tinham
passado por um processo de doença e cura que me levaram a reconhecer sintomas.
Fui
criada por mulheres fortes e resilientes que também elas passaram ambas por
Cancro da Mamã. É uma luta não só da pessoa que a transporta como de toda a
família. Existe medo pelo presente, pelo futuro, medo pelas cicatrizes e medo
pela pegada psicológica que inevitavelmente afecta todo o agregado.
Em
2017, após a minha licença de maternidade deixei a medicação que tomava
diariamente porque não me sentia confortável com a mesma, na esperança de
perceber se seria a medicação ainda adequada ou não. Os controles sanguíneos
duas vezes por ano eram para mim imperativos seguido de ecografias. Estando
controlada deixei a medicação até 2019.
Sempre
que vou de férias a Portugal faço religiosamente um check up e foi numa dessas
análises que a a primeira ecografia revela um nódulo de 8mm. Aparentemente nada
de grave, sempre controlado estava segura.
Eis
que surge o tempo de Covid e os meus controles foram reduzidos a análises
sanguíneas porque não achava necessário, tinha tudo em dia. Mas os sintomas
como queda de cabelo, aumento de peso, falta de energia, insónias nesta altura
atingiram o limite. Foi então a
Fevereiro de 2022 que decidi fazer estudo aprofundado da Tiroide e da sua
disfunção. A minha médica de família de Portugal recomenda me exames sanguíneos
e ecografia. Recordo me que na hora do exame a médica questiona me se alguma
vez tinha realizado uma “picada” na Tiroide.
Foi aí que senti que já estava escrito o meu diagnóstico. Após
aconselhamento médico fiz a realização da biopsia em Abril de 2022, quando
regressei novamente de Férias. Estes exames chegaram em cerca de 8 dias via
email, rapidamente informei a minha médica que me sugeriu uma operação de
remoção de nódulo. Este nódulo já tinha 11mm e embora existam pessoas que vivem
com nódulos e está tudo controlado, no meu caso agravava-me os sintomas e o
resultado da biopsia tinha sido inconclusivo, o chamado Categoria 3. Portanto
teria que ser operada essa era a minha certeza.
Com
estes resultados em mãos chegou a hora de contactar o meu médico de Família na
Suíça e pedir para me encaminhar há especialidade e seguida de operação. Tendo
feito todos os testes necessários deu se então a marcação da data da Operação.
Trabalhei
até ao dia anterior há operação, assim preferi afinal era o que me abstraia.
Chegamos
a 07.07.2022 e pelas 10h da manhã entrei no bloco operatório, escusado será
dizer que os nervos estavam incontroláveis o que é de se esperar e recordo-me
de todo o pessoal hospitalar ser de uma meiguice e simpatia extraordinária,
super profissionais. Mas o medo maior desta situação era adormecer e não
acordar mais, lembro-me de pensar na Nossa Sra. De Fátima de quem sou devota e
pensar se tinha feito tudo o que queria fazer e dizer a quem amo até aquele
dia, pois se aquele pudesse ser o meu final, como se lembrariam de mim?
Adormeci. Pelas 12h30 ouço alguém sussurrar o meu nome. Começo a despertar e
vejo que estou bem, estou no recobro, novamente pessoal altamente meigo,
humano, profissional, incrível. Estive cerca de 3 horas em recobro, a minha vontade
era levantar-me a toda a velocidade e pegar no telemóvel, só queria dizer a
todos que estava bem e ouvir a minha filha. Eis que duas simpáticas enfermeiras
se dirigem a mim para me levar ao quarto onde iria ficar e me diz com um
sorriso de orelha a orelha: “Frau Carla, vamos lá embora que tenho lá em cima o
seu marido e a sua filha Leonor há sua espera há imenso tempo. “Foi tudo o
que queria ouvir”.
Continua Pág. 10
A escolha é fácil: Viver!
Continuação Pág. 09
A recuperação da segunda operação foi mais difícil, senti imensas
tonturas, um tanto de náuseas. Mas eu só queria despachar aquilo e saber qual a
conclusão médica. Após 2 dias de
internamento, vim para casa.
O diagnóstico foi me dado 1 semana após a operação, 7 nódulos foram
retirados 4 deles micro papilares 1 deles no vaso linfático. O medo deste
diagnóstico era, como vou eu viver com este diagnóstico?
O cancro da Tiroide tem uma taxa de Cura muito boa. E a percentagem de
recuperação é muito rápida e boa.
Após a remoção da Tiroide, a chamada Tireoidectomia, vem o tratamento. É
necessário a toma de um comprimido de iodo radioativo e ficar isolado. Este foi
o passo seguinte, e que felizmente correu bem e super-rápido. E agora, seguiam
os controles a cada 3 meses. Em Março de 2023 recebo finalmente a notícia, tudo
tinha corrido bem, sem metástases. E em Julho de 2023 recebo finalmente a boa
nova que estou fora de perigo.
Eu despedi-me de uma Carla naquele Hospital. É inevitável não se fazer.
Renascemos, achamos que uma segunda oportunidade de Vida nos é dada onde nada é
garantido a não ser aquilo que fazemos e deixamos aos outros.
Decidi que a partir daquele momento, eu iria mudar as minhas prioridades.
A criação de memórias com a minha filha e tempo passado em Família era ainda
mais obrigatório e imperativo. Essa é a herança que lhe quero deixar.
Não sei o que o Futuro me reserva, nem se estarei livre de outro
diagnóstico, mas ou vivo em receio e não aproveito o que a Vida nos dá, ou sigo
em frente e vivo o presente da melhor maneira que sei e posso.
A escolha é fácil: Viver!
Eu não tenho palavras pra agradecer todo o apoio que recebi e recebo de
toda a família, amigos e conhecidos e ao sr. João Quelhas pelo convite em
partilhar a minha história.
Quero partilhar para que outros possam reconhecer os sintomas e que sirva
de alerta às pessoas que sofrem desta doença silenciosa, para que visitem os
seus médicos e peçam 2 ou até 3 opiniões médicas. Nunca deixem de fazer os
exames de rotina e os vossos rastreios.
A mim salvou-me a Vida.
Esta é a minha História, felizmente com um final feliz. Mas existem tantas outras que ainda não chegaram ao seu final. É por essas que partilho. Não estão sozinhas na luta.
Vielen Danke zum allen Arzt und pflegehrin von
TriemliSpital.
Criei um espaço de comunidade no Facebook, para quem quiser partilhar a
sua história “O meu dói, dói”.
Sem comentários:
Enviar um comentário