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domingo, 1 de outubro de 2023

São Tiago de Compostela (Dra. Lídia Silvestre Representante Revista repórter X Portugal).

Assisti em tempos, ás mulheres que atravessavam o Santuário de Fátima até à Capelinha da Aparições, sempre de joelhos, por vezes já em ferida, porque a Senhora lhes devolvera o filho da guerra, ou porque a filha tivera um bom parto.

Mas Fátima, é pouco mais que nada comparado com Santiago de Compostela. Não há a grandiosidade arquitectónica, nem todo o aparato de ouro de Compostela…




São Tiago de Compostela

 


É dos livros de história a ideia, e descrição muito romanceada e embelezada das cruzadas do oriente e do ocidente, que nos tempos modernos deram origem às peregrinações a lugares míticos, mais ou menos promissores de milagres.

 

A história das religiões também nos conta os diversos exageros, para não falar de crimes, cometidos ao abrigo de uma fé professada por uns, e abominada por outros, mas a verdade é que a coberto da expansão da fé cristã, junto daqueles que a Igreja de Roma considerava infiéis, fizeram-se guerras, matando e destruindo tudo aquilo que se lhes opusesse.

 

Há alguns meses, tive o privilégio de visitar e passear pelas ruas de Guadix, situada a poucos quilómetros de Granada, e pude constatar in loco, o que são as casas Cuevas, ou em bom português, Covas, onde se abrigaram, e esconderam, os mouros, literalmente debaixo da terra, quando os reis católicos, Isabel e Fernando os expulsaram de Granada.

 

Os ricos puderam regressar às suas terras em África, mas os pobres, que na sua maioria já nascidos em solo castelhano, nada restava senão esconderem-se, e aí sobreviver… são assim os homens…

 

Nem nos esqueçamos que o nosso país à beira mar plantado, também teve na sua origem uma das cruzadas do ocidente, dirigida por dois franceses, entre eles D. Henrique, que viria a ser premiado com o casamento com a D. Teresa e com o condado portucalense, e cujo objectivo era, como sempre, expulsar os infiéis, que no caso deste reino só viria a acontecer lá por alturas do reinado de D. Afonso III que pelo facto adoptou o título Rei de Portugal e dos Algarves…

 

O homem, vestido da sua vulgar humanidade, não deve, nem pode, afirmar ser o seu Deus, o verdadeiro, o único, nem tão pouco o seu corpo físico, dotado de razão, permite afirmar, com científica probabilidade a sua real existência…

Ao longo dos séculos foram os homens debatendo, pesquisando, estudando de forma a obter inequívocas provas da magnânime existência de Deus…

Dúvidas à parte, o certo é que a desde o amanhecer das civilizações que o cristianismo se impôs na Europa, e se nos primórdios da sua fé se refugiavam em catacumbas, escondidos para proteger as suas vidas, e aquilo em que acreditavam, breve se tornariam os algozes de todos aqueles que duvidavam ou professavam outros credos…

 

O homem, sempre teve tendência para impor o seu ponto de vista… daí as cruzadas, que sempre premiadas, e essas mesmas cruzadas serviriam para permitir que os reis católicos de Castela pudessem expulsar os árabes da península, e sabe Deus, se existe, com quanta maldade, tornando escravas as suas mulheres, saqueando os seus haveres…

Sempre em nome de Deus, ontem como hoje, muitos foram vilipendiados, mutilados, desmembrados, e até pela Santa Inquisição queimados…

Tudo isto a propósito da grandiosidade do que vi em Santiago de Compostela… é verdadeiramente esmagador tanto esplendor, tanta riqueza…

É inegável o legado cultural da Igreja Católica, durante séculos foram os únicos a promover a arte, em todas as suas vertentes…não havia arte nem cultura senão sob a égide dos mecenas das igrejas, que entre si competiam pela grandiosidade e esplendor…

Assisti em tempos, ás mulheres que atravessavam o Santuário de Fátima até à Capelinha da Aparições, sempre de joelhos, por vezes já em ferida, porque a Senhora lhes devolvera o filho da guerra, ou porque a filha tivera um bom parto.

Mas Fátima, é pouco mais que nada comparado com Santiago de Compostela. Não há a grandiosidade arquitectónica, nem todo o aparato de ouro de Compostela…

 

Em Santiago, a Catedral irradia tamanho fausto e riqueza que nos sentimos pequeninos, o conjunto transpira fausto e riqueza por todos os poros das suas pedras. As Igrejas, os conventos de ancestrais pedras compõem todo o núcleo histórico, não sendo difícil adivinhar a sua antiguidade.

Sentada na escadaria, da entrada principal da Catedral, senti/vivi o contraste, o esplendor dos edifícios, e a simplicidade, quase pobreza dos peregrinos que ali vão prestar a sua homenagem, imbuídos de uma enorme fé, e pedir proteção a um apóstolo de Jesus Cristo de nome Tiago, que reza a lenda ali estará sepultado.

 

O peregrino, de mochila ás costas, ténis empoeirados, apoiado numa rude bengala, chega cansado, mas feliz na sua fé, senta-se nas pedras do chão e olha a imensidão do que os homens construíram para a Igreja, Reis, Papas e Bispos…

Como admiro a fé do peregrino! E como sofro as dores de todos aqueles que com suas mãos e rudes ferramentas construíram, a mando de quem tinha o poder, aqueles monumentos verdadeiros obras de arte, que vieram de tempos idos, e ficarão depois de nós, pelos séculos dos séculos, até que a fúria dos ventos esmague as pedras que os sustentam…

 

Dra. Lídia Silvestre, jurista


Dra. Lídia Silvestre na Galiza, na ria de Vigo a comer mexilhões gigantes!...

 

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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