Caro leitor,
A propósito do Dia Internacional Contra a Corrupção, quero contar-lhe uma história que ocorreu há quase 240 anos em França. O embaixador Benjamin Franklin, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, estava de saída do seu posto em Paris e, para mostrar todo o seu apreço, o rei Luís XVI ofereceu-lhe um presente de despedida: uma luxuosa caixa de rapé com mais de 408 diamantes incrustados à volta de um pequeno retrato do monarca francês.
Apesar de ser um presente de cortesia, Franklin teve de submeter a aceitação de tal oferta ao juízo do Parlamento norte-americano, porque a lei proibia expressamente o recebimento de presentes com origem em potências estrangeiras. A ideia era defender a então jovem República dos conflitos de interesse e da corrupção. Ainda hoje aquela norma vigora e impediu mesmo que Donald Trump lucrasse com o seu mandato. Já dizia Montesquieu que a “virtude está na origem da República”.
Vem isto a propósito do estado a que chegou o regime democrático fundado com a Constituição de 1976. Provavelmente nunca como hoje a confiança dos portugueses nas instituições atingiu um ponto tão crítico.
É em tempos como este que estamos a viver que o escrutínio jornalístico é fundamental para informar e esclarecer os cidadãos, cumprindo-se assim uma das ‘razões de ser’ da democracia: impedir que algum dos três grandes poderes do Estado (o Executivo, o Legislativo e o Judiciário) se sobreponha aos outros ou que alguém detenha o poder absoluto.
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Como dizia Joseph Pulitzer, húngaro-americano que deu o nome ao prémio de jornalismo mais prestigiado dos Estados Unidos, “quando mais próspero for [um jornal], mais independente se permitirá ser”.
Luís Rosa
Redator Principal do Observador
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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