Crónica de um adeus
anunciado
A minha participação na Repórter X rondou a meia dúzia de
anos.
Pontualmente escrevi um texto, no qual contava as minhas
histórias, ou episódios da minha vida na aldeia, naqueles tempos de isolamento,
miséria e muita censura…
Acabada de sair da vida ativa, a escrita que sempre por mim
clamou, foi um oásis no meio deste quase deserto social em que voluntariamente
me coloquei.
Porém, como soe dizer-se a vida dá voltas, o mundo
modifica-se, infelizmente para pior, e eis-me aqui a dizer Adeus à revista que
escancarou as portas para que eu pudesse publicar aquilo que, em cada momento,
me assolava a alma…
De facto, também a Revista Repórter X, foi, por
consequência e imposição das novas tecnologias, afetada e obrigada a
transformar-se…
Sabemos, todos sabemos, como para a maioria é mais
apelativo um écran do que um livro… as novas gerações, e mesmo muitos da minha
geração, preferem passar horas a olhar para um écran, independentemente do
tamanho do mesmo, do que mergulhar na leitura de um livro ou revista, que nos
faça viajar além-fronteiras, ou que simplesmente acrescente algo ao nosso
conhecimento.
Por isso são pouco vendáveis as revistas em suporte papel…
É assim com as que já foram revistas de grandes reportagens e enormes tiragens…
pense-se na revista Sábado ou revista Visão, esta que procurei no quiosque de
jornais há cerca de 2 meses, por me interessar uma reportagem nela contida,
para descobrir de simplesmente deixou de ser distribuída, aqui, no Alentejo
Litoral, vulgo “Província” …
Assim a Revista Repórter X também ela inicia uma nova etapa
da sua já longa vida, menos edições em suporte papel, mais edições online… é o
mundo do digital a dominar os nossos dias…
Também eu, apesar dos meus 70 anos, acabo de iniciar uma
nova etapa na minha vida…
Por acasos do destino, sem eu saber muito bem porquê, acabo
de ser eleita para dirigir os destinos de uma IPSS, que é nada mais nada menos
do que a Universidade Sénior de Sines, uma casa que movimenta mais de 100
alunos, nas mais diversas áreas desde o Cante alentejano ao Teatro, passando
pelas Artes, História, Inglês etc…
Não sendo tão rigoroso quanto o horário a que estava
obrigada nos últimos 7 anos de serviço público, é no entanto muito mais
absorvente e exigente do que elaborar pareceres jurídicos sobre o que pode ou
não fazer um eleito de um Município, até onde chegam, ou não as competências
próprias ou delegadas…
Aqui, não interpreto a lei, aqui cabe-me decidir o quê, e
como fazer para melhor contribuir para o envelhecimento ativo das populações
deste escalão etário residentes no Município de Sines…
Esta a minha nova tarefa, este o meu novo desiderato…
E é por isso que termina, por aqui a minha colaboração com
a Revista Repórter X…
Porém, não poderia fazê-lo sem ter uma palavra de apreço
para com todos aqueles com que colaborei, e convivi, embora à distância…
Fiz parte da família Repórter X, também por acaso, porque
os nossos caminhos se nos cruzaram nas Tasquinhas de Sines, numa noite quente
de Julho, à beira da Praia Vasco da Gama…
Tudo começou aí, e foi estimulante…
A todos aqueles com que, entretanto, me cruzei, e
especialmente a todos aqueles que se tornaram meus amigos, assinantes,
colaboradores e representantes da Repórter X noutros países, envio os meus
cumprimentos, e a minha sincera gratidão…
Entretanto, e porque é Natal, e logo, logo, o fim do ano, e
porque no Ano Novo se renovam as esperanças, os desejos e por vezes até os
hábitos, cumpre-me desejar a todos um Feliz Ano de 2024, que as guerras sejam
apenas uma má memória, que os homens se tornem mais tolerantes com as
diferenças, que se lembrem que ninguém é dono da verdade, cada um tem a sua,
tudo depende do ponto de vista, lembrem-se do 6 e do 9…
Para a Revista Repórter X, e muito especialmente para o seu
mentor, director e família desejo-vos a todos os maiores sucessos, que a nova
Repórter X dê o tão desejado salto para o lado da maior visibilidade, e em suma
que o ano de 2024 Vos dê tudo aquilo que mais anseiam…
Até sempre, com muita gratidão,
Dra. Lídia Silvestre,
jurista
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