Entre o ser e o querer, português de Portugal e o brasileiro do Brasil: A culpa do novo acordo ortográfico é do governo português com interesses econômicos e financeiros entre os dois países
Já podia ter sido há mais de um século que o Brasil seguisse o seu caminho linguístico, mas não. A história é outra. Portugal, que nunca necessitou do Novo Acordo Ortográfico para se nivelar com o Brasil e o seu dialecto, acabou por trair a sua própria cultura e história ao permitir essa desfiguração linguística.
O culpado?
O governo português, que, por meros interesses económicos e financeiros, abandonou as suas raízes culturais e permitiu que o idioma de Luís Vaz de Camões fosse deixado por terra. Ora, o Brasil que siga o seu caminho linguístico e, se quiser, que adopte o “brasileiro” como idioma oficial. A sua identidade é um direito próprio. Portugal, porém, deve defender a sua velha grafia, a grafia de Camões, que nunca precisou de falsos acordos ou mutilações para se afirmar.
O texto recentemente publicado por Alisson Ficher – “O fim da língua portuguesa! O Brasil deixará de usar o português para adoptar um novo idioma” – é sintomático desta transformação. Linguistas brasileiros, como Fernando Venâncio, já defendem que a distância linguística entre Portugal e o Brasil é tão grande que o surgimento do “brasileiro” como um novo idioma é inevitável. Esta evolução é natural em línguas vivas, defendem eles.
No entanto, a grande questão é: por que Portugal deve seguir este rumo e abdicar do que lhe pertence por direito há mais de oitocentos anos?
Porque haveremos de adaptar a nossa identidade às necessidades de outros?
O governo português, cedendo à pressão económica e aos interesses externos, deu luz verde à confusão e à destruição da nossa língua original. O Novo Acordo Ortográfico, uma tentativa falhada de unificar o inúnificável, apenas retira valor à cultura portuguesa.
“É inadmissível que o idioma de Camões seja deturpado para agradar a um mercado ou a uma comunidade linguística que, legitimamente, tem a sua própria evolução histórica e que uns anos mais tarde vem revelar aquilo que ninguém esperava, como se diz em brasileiro, “fazendo coco nos portugueses que aceitaram o Novo Acordo Ortográfico e é bem feito!”
Que o Brasil siga o seu caminho e que dê o nome à sua própria língua – o "brasileiro” –, mas Portugal precisa, com urgência, de recuperar a sua grafia clássica, a grafia de Camões, a grafia que nos distingue e que nos enche de orgulho.
“O autor Quelhas, reafirma a sua posição na Revista Repórter X: os portugueses devem usar a língua original, a língua de Camões. Este princípio é um dever histórico e cultural. Na nossa revista, não há lugar para o Novo Acordo Ortográfico; há, sim, um compromisso firme em respeitar a diversidade linguística de todos os países lusófonos, valorizando as suas diferenças e particularidades. A direcção da revista informa os seus colaboradores, que queiram expressar-se conforme a sua própria cultura, que o façam mediante a grafia de cada país, de onde são naturais. Quem for português terá de expressar-se na língua de Camões, enquanto os naturais dos outros países lusófonos expressar-se-ão no seu próprio dialecto, apesar de a nossa linha editorial não se pautar pelo Novo Acordo Ortográfico, fazendo a devida correcção escrita. Estamos a fazer esforços para unir as várias raças humanas a falarem português na emigração. A paginação da Revista está a cargo do Fundador, Quelhas, Suíça. Director/Chefe de Administração, Prof. Ângela Tinoco, Suíça. Contabilidade, Bárbara de Matos, Suíça. Revisor e conselheiro, Dr. José Macedo de Barros, Sociólogo político. Os colaboradores passam a escrever periodicamente na revista impressa e online. Os textos da revista passaram a ter a responsabilidade cada AUTOR na revisão editorial, embora que sejam revistos pela revista Repórter X, para ver se devem ser publicados, a correcção ortográfica é sempre da responsabilidade do seu autor! O teor dos artigos será da inteira responsabilidade dos seus autores e redactores / colaboradores independentes da Revista Repórter X. Assim, somos a revista do povo que retracta a cultura popular e desejamos que o povo se expresse na revista que não é minha, mas sim de todos.”
É tempo de Portugal recuperar a sua dignidade linguística e deixar de ser cópia dos outros. É tempo de os intelectuais e governantes abrirem os olhos e perceberem que a verdadeira identidade de um país também reside na forma como escreve e fala. Afinal, a nossa língua é património, história e cultura. E dela não se abdica.
O Novo Acordo Ortográfico: um desafio à língua de Camões
O Novo Acordo Ortográfico tem gerado controvérsias, especialmente em Portugal, onde muitos escritores contemporâneos e cidadãos consideram que o país traiu a língua de Camões ao adotar este novo sistema. Se Luís Vaz de Camões estivesse vivo, provavelmente ficaria indignado ao ver a língua portuguesa sendo modificada dessa forma. Como podem os políticos invocar o nome de Camões como o renovador da língua portuguesa quando, na prática, negligenciam a sua preservação?
O acordo impôs mudanças no sistema ortográfico que afetam a todos, não apenas em Portugal, mas também nos países lusófonos em África, América, Oceânia e Ásia.
A principal questão levantada é: Por que imitar os do outro lado do Atlântico, especialmente o Brasil?
Muitos consideram isso um crime contra a cultura portuguesa, perpetuado por intelectuais que ignoram a riqueza das várias variantes do português falado nos diferentes países lusófonos. A nova ortografia gerou confusão, e muitos cidadãos não sabem mais escrever corretamente. Esse é um facto que nos deixa perplexos.
A Revista Repórter X, por exemplo, adopta uma postura firme em relação à expressão cultural e linguística. Ela incentiva seus colaboradores a expressarem-se conforme a cultura de seus países de origem. Os portugueses devem usar a língua de Camões, enquanto naturais de outros países lusófonos podem usar seus próprios dialetos. A revista não segue o Novo Acordo Ortográfico, mas realiza correções ortográficas quando necessário. Isso visa unir as diversas comunidades através da língua portuguesa na emigração, preservando as particularidades de cada região.
É importante refletirmos sobre a diversidade linguística e a valorização das identidades culturais. O Acordo Ortográfico foi assinado apenas por Portugal e Brasil, não envolvendo outros países lusófonos como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, que não aderiram à mudança. Essa tentativa de uniformização da língua portuguesa, em vez de aproximar os países lusófonos, compromete a riqueza e a diversidade da língua, tornando-a mais homogénea e menos autêntica, como se as particularidades regionais fossem um obstáculo ao progresso.
Exemplos de mudanças ortográficas
As alterações feitas pelo Novo Acordo Ortográfico são evidentes em diversos exemplos de palavras que mudaram a grafia em diferentes países lusófonos.
Alguns desses exemplos incluem:
- Actor (Portugal) vs. Ator (Brasil)
- Factor (Portugal) vs. Fator (Brasil)
- Tacto (Portugal) vs. Tato (Brasil)
- Reactor (Portugal) vs. Reator (Brasil)
- Sector (Portugal) vs. Setor (Brasil)
- Protector (Portugal) vs. Protetor (Brasil)
- Excepção (Portugal) vs. Exceção (Brasil)
Essas diferenças geram confusão, especialmente entre os falantes de português de diferentes países. Muitos dos brasileiros têm dificuldade em entender algumas expressões do português europeu, enquanto os portugueses, devido ao seu contacto com a cultura brasileira, conseguem compreender com mais facilidade o português do Brasil.
Uma reflexão final
O actual debate sobre a língua portuguesa está longe de ser uma simples questão de ortografia. Trata-se de uma luta pela preservação da identidade cultural e linguística de cada nação que fala português. O Brasil, por exemplo, deveria ter a sua própria língua, o "brasileiro", se não houver uma colaboração eficaz entre os dois países para um acordo ortográfico mais adequado que leve em conta as especificidades de cada variante da língua.
As palavras que não cabem na grafia proposta pelo acordo são muitas: estou dizendo vs. estou a dizer, ação vs. acção, fato vs. facto, me chama vs. chama-me, me ama vs. ama-me. Em muitos casos, as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil estão a diluir a nossa identidade linguística.
Finalmente, como bem disse o actual primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, devemos repor o português de Camões, preservando a nossa língua e identidade cultural. O Brasil pode ter a sua própria versão, mas devemos garantir que o português de Portugal continue a ser respeitado e mantido na sua forma original.
O caso de Portugal e o Novo Acordo
Os países de língua e expressão portuguesa estão em desacordo sobre a implementação do Novo Acordo Ortográfico. Portugal foi o país que, em conjunto com o Brasil, adoptou o novo acordo, mas muitos outros países, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste, mantiveram as suas variantes ortográficas. O Brasil, ao contrário do que muitos afirmam, não foi o único a adoptar o novo acordo; foi Portugal que, de forma voluntária, se comprometeu a seguir as novas regras, enquanto outras nações preservaram as suas tradições linguísticas.
De forma geral, o Novo Acordo Ortográfico é visto por muitos como uma tentativa de uniformização da língua portuguesa, mas essa uniformização não leva em consideração as especificidades e as idiossincrasias de cada país. Em Portugal, a língua portuguesa possui uma rica tradição e história, que é reflectida na sua ortografia antiga, que não necessita de alterações impostas por acordos internacionais.
Embora o Brasil tenha adoptado o acordo, é legítimo que o Brasil siga o seu caminho linguístico, dado o seu tamanho e a sua importância cultural. No entanto, Portugal, como berço da língua portuguesa, deve voltar à velha ortografia, preservando a sua identidade linguística. O Novo Acordo Ortográfico não foi uma necessidade para Portugal, e muitos consideram que o país perdeu uma parte da sua riqueza cultural e histórica ao aderir a ele. A língua portuguesa não deve ser tratada como uma língua única, sem considerar as características de cada nação que a fala.
Portanto, é importante que Portugal reexamine a sua adesão ao Novo Acordo e reponha a ortografia tradicional, como um acto de respeito à sua história e à riqueza da língua portuguesa. A língua é um reflexo da cultura e da identidade de um povo, e é fundamental que as nações lusófonas, incluindo Portugal, preservem a sua autonomia linguística.
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