Recordo-te pai, meu porto de abrigo
Muitos anos passaram
Mas é como se fosse hoje.
Eras o
meu apoio e o porto seguro
Um
domingo especial para mim
Pela
primeira vez saía como escuteiro
Mas tu,
nesse domingo de festa
E
como todos os dias, saíste primeiro
Caminhar,
ler o jornal, saíste mais cedo.
Era
festa em Medelo
Eu, a
ansiedade e algum medo
Estalavam
foguetes no ar
A
música sentia-se em toda a aldeia
Momentos
para recordar.
Era um
domingo como tantos outros
Que na
nossa vida passaram
Tu
saíste primeiro, o futebol de manhã, querias ver
Partiste,
sem nada dizer
Sem um
adeus deixaste-nos a sofrer.
Fiquei
sem o porto de abrigo, sem o meu apoio
Recordo-te
pai
Foi há muitos anos, mas é
como se fosse hoje
Aquele dia de verão
Quando voltaste, inerte frio, porquê?
Deixaste-nos na escuridão.
O nosso
porto de abrigo, partiu tal como o nosso coração
Hoje,
mais uma vez, passados tantos anos
A tua imagem recordo com carinho
Penso
no muito que me deste
E muito
mais nos querias dar
Porque
partiste?
Pai, que por mim tanto sofreste
Para um
dia me ver feliz
Quantas
vezes também te fiz chorar
Mas Deus, assim não o quis
Não te pude mais abraçar.
A 23 de Agosto partiste, nesse dia quente de verão
O ano
longínquo de 75 recordar
Apenas
o teu sorriso e tua bondade podemos hoje lembrar
Quase 45 anos se passaram, tanto tempo sem ti
Não te podemos ver,
Fechando
os olhos podemos-te
imaginar
E no coração guardar o nosso porto de abrigo
MEU PAI
José
Maria Ramada
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