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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poema: Recordo-te pai, meu porto de abrigo

Recordo-te pai, meu porto de abrigo








Muitos anos passaram

Mas é como se fosse hoje.

Eras o meu apoio e o porto seguro

Um domingo especial para mim

Pela primeira vez saía como escuteiro

Mas tu, nesse domingo de festa

E como todos os dias, saíste primeiro

Caminhar, ler o jornal, saíste mais cedo.

Era festa em Medelo

Eu, a ansiedade e algum medo

Estalavam foguetes no ar

A música sentia-se em toda a aldeia

Momentos para recordar.

Era um domingo como tantos outros

Que na nossa vida passaram

Tu saíste primeiro, o futebol de manhã, querias ver

Partiste, sem nada dizer

Sem um adeus deixaste-nos a sofrer.

Fiquei sem o porto de abrigo, sem o meu apoio

 

Recordo-te pai
Foi há muitos anos, mas é como se fosse hoje
Aquele dia de verão
Quando voltaste, inerte frio, porquê?
Deixaste-nos na escuridão.

O nosso porto de abrigo, partiu tal como o nosso coração

Hoje, mais uma vez, passados tantos anos
A tua imagem recordo com carinho

Penso no muito que me deste

E muito mais nos querias dar

Porque partiste?
Pai, que por mim tanto sofreste

Para um dia me ver feliz

Quantas vezes também te fiz chorar
Mas Deus, assim não o quis
Não te pude mais abraçar.
A 23 de Agosto partiste, nesse dia quente de verão

O ano longínquo de 75 recordar

Apenas o teu sorriso e tua bondade podemos hoje lembrar
Quase 45 anos se passaram, tanto tempo sem ti
Não te podemos ver,

Fechando os olhos podemos-te imaginar
E no coração guardar o nosso porto de abrigo
MEU PAI

 

José Maria Ramada

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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