Desde o início, traçou o seu caminho com clareza e determinação, apresentou-se como pré-candidato à Presidência da República Portuguesa, com ideias concretas e um projecto que rompesse com o sistema que domina o país. Não era um sonho, era uma ambição. Queria levar ao debate propostas de mudança profunda em Portugal e dar voz à diáspora, à justiça social e à defesa dos emigrantes, mostrando que é possível oferecer uma alternativa séria, honesta e anti-sistema.
Partilhou essas propostas com o deputado pelo círculo da Europa, André Ventura, na esperança de que o Chega pudesse apoiar um candidato que representasse a voz dos portugueses no estrangeiro e dos que não se conformam com a perpetuação do poder das elites tradicionais, aquelas que chamo uma PIDE moderna.
O deputado deixou-me acreditar que havia abertura para esse apoio, criando uma esperança que me impulsionou a preparar a pré-candidatura, a contactar pessoas, a ter um mandatário em Lisboa, uma sala de candidatura em Zurique, a planear estratégias e a reunir largas centenas de assinaturas. Disse também que não concordava com a candidatura de André Ventura, porque ele teria de ser primeiro-ministro, e que um candidato emigrante seria uma boa opção. Quase tinha a certeza de que, se fosse apoiado pelo Chega, poderia vencer logo na primeira volta, pois os outros candidatos representam o sistema que tantos rejeitam, e eu seria a alternativa real.
Infelizmente, a realidade revelou-se dura. Não faz sentido continuar a reunir assinaturas, muitas chegam mal preenchidas, outras sem a cópia do Cartão de Cidadão, e todo o esforço perde-se perante um sistema que favorece a burocracia e a indiferença à vontade verdadeira do povo. Desisto, a não ser que surja uma força política que realmente apoie esta intenção e este projecto, valorizando as ideias que propus e o caminho que tracei com seriedade e dedicação.
As televisões e jornais estão maioritariamente comprados pelos governos. António Costa encheu os bolsos a muitos para os silenciar e Montenegro irá continuar. Assim, um candidato como eu, Quelhas, tem as suas causas quase anuladas. Mesmo que conseguisse as assinaturas, acredito que o Tribunal Constitucional reprovaria a candidatura enquanto vigorar este sistema de nojo político.
A candidatura de André Ventura à Presidência da República agravou ainda mais esta frustração. É, antes de tudo, um erro estratégico e um gesto de vaidade pessoal. Num regime semi-presidencialista, mesmo que ganhasse, teria sempre limitações para mudar o sistema. A desculpa apresentada, de que Pedro Passos Coelho não quis arriscar, não passa disso mesmo, uma desculpa esfarrapada. Passos Coelho nunca seria um candidato anti-sistema, pelo contrário, representa a austeridade, a subserviência à troika e tudo o que o povo rejeita.
Já antes André Ventura andara atrás de Gouveia e Melo, tal como critiquei no site oficial João Carlos Quelhas Rumo à Presidência. Foi uma ideia vergonhosa dar palco ao homem que mais esteve ligado ao Covid e à envolvência indirecta na morte de tantos portugueses.
Ventura esqueceu-se de algo essencial: o movimento que o apoia é maior do que ele. Os emigrantes são a sua maior força e muitos esperavam que fosse, no futuro, candidato a primeiro-ministro, não que se perdesse numa corrida presidencial sem rumo. Esse erro desiludiu-nos profundamente, mostrando que a vaidade pessoal se sobrepôs ao projecto e à esperança que muitos depositaram. Ventura não soube aproveitar quem, no terreno, estava pronto a arriscar pelo Chega, como João Carlos Veloso Gonçalves, um verdadeiro homem anti-sistema, capaz de dar corpo à esperança que tantos confiaram neste movimento.
Propósito da candidatura foi por água abaixo, mas a luta com os emigrantes continua
Quero ser um Presidente da República mais activo do que os anteriores, dialogando com governantes e revendo leis e acordos que afectam todos, especialmente os emigrantes e residentes. Embora um Presidente não tenha toda a capacidade burocrática e política, tem a voz e o ouvido para incentivar o diálogo entre políticos nacionais e estrangeiros na luta contra os problemas que afectam o país.
Defesa dos direitos e justiça social
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Defender os direitos humanos, apoiando pais e mães a quem roubaram os filhos para as instituições.
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Proteger os lesados por doença e acidente, garantindo o reconhecimento dos seus direitos em caso de invalidez.
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Acabar com a imunidade política para combater a corrupção.
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Criar leis mais rígidas para responsabilizar quem provoca incêndios.
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Defender um sistema de pensões mais justo, assegurando que apenas quem tem direito recebe apoios de invalidez.
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Acabar com os subsídios que perpetuam a pobreza e incentivar o trabalho adaptado para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Direitos dos emigrantes
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Criar órgãos dentro ou fora dos consulados para apoiar emigrantes em questões jurídicas e protegê-los contra corrupções.
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Centralizar esses órgãos para garantir maior eficácia e protecção aos emigrantes.
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Aumentar o número de deputados para representar os emigrantes.
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Ajudar emigrantes pensionistas a regressar a Portugal com melhores condições fiscais.
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Reduzir os prazos de atendimento nos consulados, melhorar a gestão e reformular o sistema electrónico de agendamento, hoje ineficaz e burocrático.
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Valorizar os funcionários consulares, especialmente em termos salariais, para que tenham mais abertura com os cidadãos.
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Garantir que todos os portugueses e emigrantes sejam automaticamente recenseados e possam votar presencialmente ou electronicamente em qualquer parte do mundo.
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Apoiar a comunicação social certificada na diáspora com verbas governamentais.
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Defender a igualdade de tratamento para imigrantes das ex-colónias em Portugal, da mesma forma que exigimos respeito e equidade para os emigrantes portugueses no estrangeiro.
Economia e fiscalidade
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Acabar com o duplo imposto sobre a riqueza.
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Exigir um salário mínimo europeu entre 1.500 e 2.500 euros para Portugal e Ilhas.
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Acabar com o IMI, o IUC de carros parados e de colecção e os alugueres dos contadores de água, luz e gás.
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Defender o Regime dos Residentes Não Habituais (RNH).
Habitação, segurança e qualidade de vida
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Melhorar o acesso à habitação, ajudando quem não pode pagar rendas caras.
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Aumentar a segurança com mais policiamento nas ruas.
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Melhorar o sistema de saúde, reduzindo o tempo de espera nas urgências e aumentando o número de cuidadores e lares para a terceira idade.
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Tornar obrigatório que os desempregados com subsídio de desemprego ou rendimento mínimo prestem serviço comunitário em limpeza e apoio a instituições humanitárias.
Reformas políticas e institucionais
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Acabar com a regionalização, separando novamente as uniões de freguesias.
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Realizar um referendo para decidir a independência da Madeira e dos Açores.
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Acabar com o novo acordo ortográfico, defendendo a língua portuguesa como património histórico.
Posicionamento sobre temas sociais e geopolítica
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Contra o aborto, mas a favor da eutanásia, ambos com regras rígidas e acompanhamento profissional.
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Fim do apoio financeiro a conflitos internacionais. Sem armas não há guerra, e quem fornece armamento a países em guerra também é criminoso.
Compromisso final
Quero mudar mentalidades políticas, trabalhar pela igualdade, pelos direitos humanos e pelo fim da discriminação social e da pobreza, para um Portugal melhor, onde Portugal somos todos nós.
Nota final
O propósito da candidatura foi por água abaixo, mas a luta com os emigrantes continua, firme, justa e necessária. Não se cala a voz de quem defende os esquecidos, não se apaga a esperança de quem acredita num Portugal mais verdadeiro. A todos os que colaboraram, que acreditaram e que se dispuseram a ajudar, deixo a minha sincera gratidão.
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