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domingo, 7 de setembro de 2025

CRÍTICA DIRECTA À MANEIRA SUÍÇA DE FAZER “CARIDADE” QUEM PAGA AS CARTAS? QUEM RECEBE A ÁGUA?

CRÍTICA DIRECTA À MANEIRA SUÍÇA DE FAZER “CARIDADE”
QUEM PAGA AS CARTAS? QUEM RECEBE A ÁGUA?



Fica a pergunta pendurada no papel brilhante:
Quantos milhões de francos gastou a HELVETAS a imprimir, dobrar, ensacar e enviar cartas como esta, apelando à nossa generosidade?

Durante dias – não, semanas – as gráficas suíças trabalham em série, produzindo milhares, talvez milhões de cartas iguais. Envelope branco. Código QR. Nome personalizado. Texto emocional. Imagem de uma criança a sorrir na miséria. E tudo isso custa dinheiro. Muito dinheiro.

Afinal, quem paga essa conta?
Quem financia os contratos com gráficas, os serviços de design, os consultores de marketing, os analistas de impacto, os funcionários administrativos, os directores de comunicação, os gestores de projectos e os salários da sede em Zurique?

Somos nós.
Somos nós, contribuintes, que já financiamos com os nossos impostos parte das ONGs e das deduções fiscais.
Somos nós, doadores, que somos levados a acreditar que cinco francos mudarão uma vida no Sudão, quando talvez apenas um franco acabe por atravessar o mar.
E são eles, os estrategas da solidariedade corporativa, que vivem com salários estáveis, contas certas e água potável todos os dias, que continuam a gerir a miséria alheia como quem gere um negócio.

A questão central não é se devemos ajudar – devemos.
A questão é como se ajuda, com que transparência, e a quem chega realmente a ajuda.

Quantos cêntimos por cada franco doado vão mesmo comprar bombas de água?
Quantos ficam retidos em estruturas pesadas, conferências, flyers, viagens de avaliação e auditorias internas?
E quem fiscaliza tudo isto com independência?

Na Suíça, onde até as esmolas se contabilizam como deduções fiscais, é legítimo perguntar:
A caridade tornou-se numa indústria?
Se sim, que parte é ainda humanidade, e que parte é apenas lucro?

Esta carta da HELVETAS é mais do que uma súplica por água.
É um espelho. E cada um vê nele o que quiser.
Mas quem vê com olhos de ver, pergunta:
Será esta a forma mais digna de garantir o direito à água? Ou estamos apenas a perpetuar a dependência, com envelopes de luxo e campanhas de marketing de rosto escuro?

autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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