A polémica no Chega na Póvoa de Lanhoso e Braga: expulsão anunciada e resposta inesperada
Na sequência de uma entrevista concedida à Revista Repórter X, Filipe Melo, Presidente da Distrital de Braga do Chega, anunciou que, depois das eleições, pretende avançar com um processo de expulsão de um militante do partido. Em causa está José Carlos Gouveia, que se manifestou nas redes sociais contra a inclusão de um parque aquático em Sobradelo da Goma no programa eleitoral de José Diego, candidato à Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, proposta essa sugerida por Quelhas.
Segundo Filipe Melo, Gouveia teria o direito de levantar reservas, mas deveria tê-lo feito dentro da estrutura partidária e não em público, contra o partido. Daí a intenção de expulsá-lo.
Agora, no entanto, José Carlos Gouveia procura dar outro contexto à sua posição e fez chegar à Revista Repórter X a seguinte mensagem:
As razões pessoais de José Carlos Gouveia para deixar o Chega:
As minhas razões porque deixei de ser militante do Chega
Nada têm a ver com as Autárquicas,
nem com o meu não apoio ao candidato do Chega.
Sou apoiante do Almirante Gouveia e Melo à Presidência da República. Apoio-o porque acredito, com convicção, que este cargo exige alguém acima das tricas partidárias, alguém que nunca tenha feito carreira na política, mas que tenha provado, na prática, o que é liderança, coragem e serviço ao País.
O Almirante não precisa de apresentar currículo político — o País inteiro testemunhou o que fez durante o combate à pandemia, onde transformou um processo caótico numa operação exemplar, respeitada e até invejada além-fronteiras. É este espírito de serviço público, desinteressado, pragmático e sem manobras partidárias que a Presidência da República exige.
Já tivemos a experiência de um Presidente militar, Ramalho Eanes, e foi justamente um dos períodos de maior seriedade institucional na história recente. Gouveia e Melo representa esse mesmo perfil de firmeza e ética: alguém que coloca Portugal acima dos jogos partidários.
Ao contrário, André Ventura, sendo um político de inegável talento oratório e combatividade, não deve ser Presidente da República. Explico: Ventura é um homem de partido, um combatente político nato. A sua força está precisamente na arena política, onde os confrontos e negociações diárias moldam Governos e Oposições.
Mas a Presidência exige outra postura — neutralidade, imparcialidade e a capacidade de ser árbitro acima das facções. Um Presidente-partidário, sobretudo um líder como Ventura, cuja essência é a luta e a contestação, não poderia exercer o papel de garante da unidade nacional. Seria como pedir a um avançado goleador que fosse árbitro do mesmo jogo.
Por isso, não apoio Ventura para Belém. Não porque lhe falte inteligência, determinação ou visão política, mas porque o cargo exige outro perfil.
Dito isto, seria injusto não reconhecer que André Ventura poderia ser, sim, um bom Primeiro-Ministro. O cargo de chefe do Governo exige combate político, capacidade de impor agenda, firmeza perante interesses instalados e coragem para enfrentar corporações e lóbis. Ventura tem todas essas características. Ele não é homem de conciliação passiva, é homem de acção — e nisso o lugar certo seria São Bento, não Belém.
O erro está em querer ocupar todos os palcos. Quem tenta ser tudo ao mesmo tempo acaba por não ser nada de forma plena. Ventura deveria concentrar a sua energia onde ela é necessária e eficaz: na liderança do Governo, nunca na Presidência.
Foi precisamente por perceber esta ânsia de poder a todo o custo, este desejo de estar em todos os palcos, que me afastei do Chega. Não se pode defender a mudança e, ao mesmo tempo, reproduzir os vícios dos políticos de sempre — a tentação de acumular cargos, de querer estar em todas as frentes, de nunca largar o palco. A política não é um espectáculo permanente nem uma vaidade pessoal: é serviço ao País.
Deixo um apelo claro e directo: a todos os Povoenses, independentemente da cor partidária, votem com consciência nestas eleições autárquicas. A Póvoa de Lanhoso precisa de líderes que sirvam o Concelho, não de políticos que sirvam a si mesmos.
José Carlos Gouveia
👉 Revista Repórter X Editora Schweiz

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