A Suíça é um sistema: Quando os descontos se perdem, a verdade precisa de ser encontrada
Chegou à redacção da Revista Repórter X, no qual também partilho como a InfoSuíça, mais um caso que revela as fissuras silenciosas do sistema suíço, aquelas que só se mostram quando um trabalhador tenta juntar os seus anos de vida para aumentar uma pensão que deveria reflectir todo o esforço dado. Foi a própria SVA Zürich que pediu a verificação de descontos em falta, para poder corrigir o valor da pensão, dado existirem contribuições que nunca foram registadas, apesar de terem sido efectivamente trabalhadas.
O pedido surge porque há descontos perdidos, e entre as empresas envolvidas aparecem duas situações que exigem esclarecimento. A firma Enzler Reinigungen AG confirmou o período de trabalho diário entre 2008 e 2010, mas declarou não ter efectuado descontos para a previdência profissional por considerar que os salários anuais não ultrapassavam o limiar exigido pela lei suíça. Ainda assim, quem trabalha todos os dias, mesmo apenas duas horas por dia, não desaparece nos registos, não pode ser tratado como ausência ou como sombra, porque o trabalho diário é sempre actividade real e contributiva e de esforço.
Do outro lado surge a SHS Hotel Services AG, responsável por outro período laboral a 100% em análise. Esta firma ainda não respondeu e, entretanto, mudou de nome para Vorsorgestiftung der Basler Versicherung AG, foi a própria SVA que descubriu o novo nome e contacto e forneceu para contacto, mas permaneceu em silêncio, como se a mudança de designação apagasse responsabilidades antigas. Esta falta de resposta apenas acentua as dúvidas e alimenta a sensação, tantas vezes conhecida pelos emigrantes, de que a verdade se perde nos corredores das grandes instituições.
Todas estas informações, juntamente com o pedido oficial da SVA Zürich, seguem agora para o Tribunal da Segurança Social, para serem anexadas aos restantes documentos em avaliação e analisadas em conjunto. Só assim se poderá perceber o que foi correctamente registado e o que ficou perdido no caminho, devolvendo transparência a quem apenas pede justiça pelos anos dados ao trabalho.
Na Suíça, país que se anuncia como sinónimo de exactidão, é na vida dos mais simples que se encontra a medida real das falhas. E por isso a Revista Repórter X continuará a erguer a sua voz em nome daqueles que não a têm voz, porque cada hora trabalhada é um pedaço de vida, e cada contribuição esquecida é um direito que não pode ser negado.
autor: Quelhas

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