A banhada política de André Ventura a Jorge Pinto:
Parte Nr° 2 de 4
Este ponto fixa um momento-chave, quase pedagógico. Em directo, perante o país, André Ventura expõe aquilo que muitos sabiam e poucos ousavam dizer, Jorge Pinto não tinha reunido as assinaturas exigidas por lei. A palavra “banhada” não é insulto, é descrição factual de um desmascaramento político.
Um candidato sem legitimidade formal teve palco televisivo, enquanto outros com legitimidade material foram excluídos. Aqui o texto acusa não apenas o candidato, mas o sistema inteiro, partidos, televisões, directores de informação e reguladores silenciosos. A indignação não é pessoal, é institucional. Fala-se mesmo em responsabilidade jurídica, porque permitir isto é faltar ao respeito aos portugueses, aos que assinam, aos que acreditam, aos que ainda levam a democracia a sério. Aqui cristaliza a farsa, a lei vale para uns, o microfone vale para outros.
O João Carlos Quelhas escreveu que pode acontecer a André Ventura o mesmo que aconteceu a Sá Carneiro, pois todos têm medo que o sistema lhe têm, o grande ponto incide sobre a figura que quebra o desenho previsível destas presidenciais, André Ventura, líder do CHEGA, jurista de formação, político por confrontação e não por herança. A sua presença altera o tabuleiro porque não nasce do consenso, nasce do conflito, e o sistema, quando não controla, teme.
Ventura não vem do circuito fechado dos comentadores reciclados, nem da longa carreira partidária acomodada. Entra na política a dizer o que não se dizia, a tocar nas feridas que foram varridas para debaixo do tapete durante décadas, corrupção tolerada, justiça lenta e selectiva, imigração tratada com hipocrisia, emigração esquecida, promiscuidade entre poder político, económico e mediático. Não pede licença, não fala para agradar, e isso explica a reacção violenta que provoca.
Para o sistema político-mediático, Ventura é perigoso, não porque seja perfeito, mas porque não pertence às famílias que governam Portugal desde o pós vinte e cinco de Abril. PS, PSD e as forças que com eles se revezaram no poder sabem que ele rompe o pacto tácito de silêncio. Por isso tentam isolá-lo, caricaturá-lo, empurrá-lo para fora da legitimidade democrática, chamando-lhe rótulos em vez de enfrentarem os temas que levanta.
Nos debates televisivos, a diferença é visível. Enquanto uns repetem fórmulas gastas e discursos decorados, Ventura entra como elemento perturbador. Não se limita a responder, expõe contradições, desmonta incoerências e, quando necessário, denuncia a fraude do próprio palco onde está. Foi isso que aconteceu quando revelou, em directo, que um dos presentes não tinha sequer as assinaturas exigidas por lei, fazendo ruir a encenação montada pelas televisões.
A ligação de Ventura à emigração não é decorativa. É uma das poucas figuras políticas que levou de forma consistente os problemas dos emigrantes à Assembleia da República, voto falhado, exclusão eleitoral, casos de famílias atingidas por sistemas estrangeiros sem defesa adequada. É neste ponto que se compreende o apoio claro e assumido de João Carlos Veloso Gonçalves, "Quelhas", ex pré-candidato independente e Delegado do Chega no Consulado-Geral de Portugal em Zurique. Não é apoio cego, é apoio político consciente, feito em nome da unidade e da ruptura.
Há também crítica interna, e ela existe. A decisão de Ventura de avançar para a Presidência da República é vista como erro estratégico por quem entende que, num regime semi presidencialista, a verdadeira transformação exige um Governo. Essa divergência não é escondida, é assumida. Ainda assim, a escolha foi não dividir, porque dividir favorece apenas o sistema instalado. Aqui há maturidade política, não culto da personalidade.
O medo que o sistema tem de Ventura mede-se pelo esforço para o afastar. Sondagens fabricadas, cenários artificiais de segunda volta, perguntas laterais, tentativas de o reduzir a polémica permanente. Nada disso apaga o essencial, Ventura representa, hoje, a única ruptura visível com o bloco político que governou, sustentou e protegeu o mesmo modelo durante décadas.
Este ponto é central porque explica a violência simbólica do ataque que lhe é feito. Não se ataca com tal fúria quem é irrelevante. Ataca-se quem ameaça. E o que está em causa não é apenas um homem, é a possibilidade de o povo escolher fora do guião escrito nos estúdios.

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