Multas em Glasi-Areal afugentam clientes e estrangulam o comércio local
A polícia só sabe passar multas. A senhora nem sequer estacionou – apenas foi buscar uma bicicleta à loja para a colocar na mala do carro. Pergunto: por que motivo é permitido colocar dezenas de bicicletas à venda na via pública? Outra questão – e não tenho nada contra o espaço ocupado pelas bicicletas, trata-se apenas de uma reflexão – é que, ao não ser permitido estacionar, também os vários comércios na zona do Glasi ficam vazios por falta de clientes, pois estes são obrigados a estacionar longe, mesmo para simples operações de carga e descarga. Ir buscar uma bicicleta ou transportar compras é, claramente, uma operação de carga e descarga.
A realidade vivida por muitos residentes, comerciantes e visitantes do Glasi-Areal revela um problema estrutural que tem vindo a agravar-se: a falta de estacionamento prático e acessível está a afastar a clientela, sufocando o comércio local.
Existe uma necessidade urgente de mais estacionamentos gratuitos, com limite de 1 hora, na zona comercial, para que os clientes possam parar rapidamente e fazer as suas compras sem receio de multas. Os actuais parques pagos afugentam os consumidores, tornando-se um entrave ao desenvolvimento económico de um bairro que deveria ser pensado para pessoas, e não apenas para regras.
Muitos sugerem estacionamentos gratuitos para visitantes, familiares e amigos junto aos apartamentos, com limite de 4 horas durante o dia e uso prolongado à noite, controlado por cartões de residentes. Essa medida permitiria alguma flexibilidade para as famílias e, principalmente, para os pequenos negócios, que dependem do movimento local.
Os relatos de multas passadas junto a supermercados, cafés e pequenas lojas tornaram-se recorrentes. Esta actuação policial, em vez de proteger o bairro, prejudica os próprios comerciantes, que assistem, dia após dia, à queda no número de clientes.
“Sem mudanças, ninguém virá de fora para comprar na Glasi”, afirma-se no documento elaborado com base no inquérito conduzido por Dominik Bucheli, do Fussverkehr Schweiz. E essa é a grande verdade: as lojas estão a ficar vazias, não por falta de qualidade, mas por falta de acesso.
É também urgente reconhecer que trazer compras ou pegar numa bicicleta é carga e descarga. Impedir os residentes ou visitantes de pararem uns minutos para essas acções essenciais é não compreender a realidade quotidiana de quem vive ou trabalha na Glasi.
Se o objectivo é revitalizar esta zona urbana, então é essencial ouvir os lojistas e os clientes, criar medidas concretas para melhorar a mobilidade e o estacionamento, e deixar de castigar com multas quem apenas tenta viver e consumir com normalidade.
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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