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domingo, 22 de junho de 2025

Encontro de dois mundos à beira de um café, encontrei a Revista Langstrasse Zürich Offiziell

Encontro de dois mundos à beira de um café, encontrei a Revista Langstrasse Zürich Offiziell

 


Num corredor de um hipermercado suíço, daqueles em que a pressa engole os rostos e os rostos ignoram as histórias, o acaso vestiu-se de destino. Cruzei com um homem simples, vendedor de café, sorriso pronto e verbo ágil. Palavra puxa palavra, a curiosidade foi-se a destapar como quem abre uma gaveta onde o mundo se guardou esquecido.

 

Descobrimos, entre o aroma do café e a música de fundo no altifalante, que partilhávamos mais do que o momento: tínhamos caprichos idênticos e um certo modo paralelo de ver o mundo. Gostamos da comunicação social como forma de tocar os outros, de levantar o véu da aparência, de servir a verdade. E ali, entre um português e um brasileiro, ambos exilados voluntários nesta terra gelada de aparência e cálculo, a Revista Repórter X e o espírito da Revista Langstrasse Zürich Offiziell apertaram-se na mão invisível da afinidade. Trocamos ideias de ‘marketing’ jornalístico. Partilhamos ideias. Os dois trabalham em áreas idênticas na revista e no seu todo, um trabalha numa gráfica e outro vende equipamento de café e as ideias que se trocaram tem muito a ver com um texto escrito umas horas antes do encontro inesperado pelo Quelhas, cujo deu a sensação que ambos escreveram o mesmo artigo sobre a Suíça incoerente, quando os dois nem se conheciam!

 

Falámos de Portugal e do Brasil e a polémica dos vistos, irmãos distantes de sangue e mágoa, de sol e ferida. Falámos da Suíça, essa terra onde tudo parece limpo e controlado, mas onde, por vezes, o mal se esconde por trás dos Alpes. 


E de súbito a conversa virou céu: 

veio à tona a Bíblia, os anjos que caíram à terra, o eterno combate entre a luz e as sombras.

 

Na Bíblia, lê-se que os anjos caídos foram expulsos do Céu para a Terra, sem que essa queda se prenda a qualquer lugar físico definido. Não há um ponto marcado no mapa do mundo para esse evento, é um mistério espiritual, universal. Mas eu, julgo que poderiam ter caído na Suíça.

 

Porquê?

 

Porque este país, em vez de acudir aos seus e cuidar do justo, parece assombrado por uma corrupção invisível que se infiltra silenciosa. Uma corrupção que se mete onde não deve, intervindo no mundo com mãos frias, calculistas, enquanto nega a quem o seu apoio legítimo.

 

A Suíça, com a sua neutralidade aparente, com a sua ordem imaculada, tornou-se palco, talvez, de forças que trabalham para o mal, disfarçadas de bem, quiçá Anti-Cristo!... Como se o diabo ali encontrasse morada, sob a máscara de diplomata, gestor ou sistema.

 

Essa ideia assusta, mas é um alerta necessário:

o mal não precisa de chamas visíveis, porque o silêncio gelado da neutralidade pode ser ainda mais letal.

 

Ali, junto às prateleiras, entre nós dois, trocámos mais do que ideias. Semeámos a suspeita de que nem todo o inferno arde em chamas. Há infernos gelados, perfeitos, com comboios a tempo, chocolate sem ter cacau, café sem ter cafeína e contas bancárias organizadas. E talvez, quem sabe, o diabo prefira esse silêncio, essa ordem, esse palco suíço de onde observa o mundo arder com luvas brancas.

 

E saímos dali com a certeza de que havia mais por dizer. Que esta conversa, improvável, improvocada, era o princípio de algo maior. Porque quando duas consciências se encontram, nem que seja entre as latas de conserva e o cheiro a café, acende-se uma luz. Mesmo que em terra de sombras.

 

E a Revista Repórter X ouviu a Revista Langstrasse Zürich Offiziell, porque é para isto que nasceu. Para dar voz ao que se cala. Para reconhecer o que arde por dentro. Para denunciar o que a neutralidade encobre. 

Com fé.

Com coragem.

Com verdade.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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