Revista Repórter X
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Fundação wisli, promessas de inclusão e a dura realidade de quem espera
bülach (zürich), suíça –
No coração do bairro Glasi, em Bülach, ergue-se a Fundação Wisli, uma instituição que, segundo as suas próprias palavras, «promove a inclusão de pessoas com perturbações psíquicas» e «oferece habitação, trabalho e integração» num ambiente supostamente protegido. Mas por detrás das palavras simpáticas, dos ateliers com nomes bonitos – GenussWerk, KreativWerk, GartenWerk –, esconde-se uma realidade bem diferente para quem, de facto, precisa de ajuda urgente.
O caso chegou à nossa
redacção por intermédio de João Carlos Veloso Gonçalves, porta-voz da Revista
Repórter X na Suíça, e relata a história de um candidato que, após anos de
dificuldades de saúde – incluindo um transplante renal – e com forte motivação
para se reintegrar no mercado de trabalho, foi encaminhado à Fundação Wisli
pelo RAV (Centro de Emprego). Mas ao invés de acolhimento e compreensão,
encontrou silêncio institucional e portas fechadas.
“A Wisli afirma, em todos
os canais, que quer apoiar pessoas com limitações. No entanto, quando alguém
bate à porta com um historial clínico legítimo, pronto para trabalhar e
colaborar em equipa, a resposta é nenhuma. Nem uma chamada de volta, nem uma entrevista”,
denuncia João Carlos.
A Fundação, que se
apresenta como “empregadora atractiva” e “aliada da inclusão”, recebe apoios
estatais e donativos privados precisamente para acolher estes candidatos.
No entanto, a selecção dos beneficiários parece seguir critérios obscuros
e pouco transparentes, deixando para trás os que mais precisam: doentes,
emigrantes, pessoas sem rede familiar ou rendimentos.
“Prometer futuro e
devolver silêncio é uma forma cruel de exclusão”, acrescenta João Carlos. “O
assistencialismo não pode ser decorativo. Se Wisli não está preparada para
acolher, então que o diga com frontalidade. Mas não pode continuar a alimentar
a esperança dos frágeis com palavras de marketing social.”
A Revista Repórter X
apela agora a um esclarecimento público por parte da direcção da
Fundação Wisli, bem como à intervenção dos serviços sociais do Cantão de
Zürich, que têm responsabilidade directa na supervisão destas entidades.
A inclusão começa na
verdade. E a verdade, neste caso, está à espera de ser escutada.
Autor: Quelhas
revista repórter x – voz dos que não têm voz
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