A negligência médica, despedimento e falta de atestado, levam funcionária à ruína emocional: instituições sob alvo de denúncia
Uma funcionária com mais de uma década de dedicação exemplar a uma instituição educativa privada está hoje à beira do colapso emocional e profissional, depois de ser informada da cessação do seu contrato de trabalho e de continuar sem baixa médica formalizada, apesar do seu estado clínico justificar expressamente esse apoio. A situação é descrita como "alarmante" por fontes próximas do processo e vai ser levada às instâncias superiores, por se tratar de uma violação grave dos direitos humanos.
Desde Maio de 2025, a funcionária está a ser acompanhada em sessões
terapêuticas semanais. Relata um trauma profundo relacionado com o parto da sua
filha, experiência essa que desencadeou sintomas de tristeza intensa, exaustão
física, esquecimento, crises de choro, ataques de pânico, e sentimentos de
culpa relacionados com o desempenho do papel de mãe. Apesar do reconhecimento
familiar do seu esforço e cuidado, a paciente manifesta também pensamentos de
autodepreciação e sente que “parar não é saudável”, reconhecendo que o
trabalho lhe faz bem.
Inicialmente acompanhada por uma psiquiatra, foi abandonada pela mesma
quando esta recusou a responsabilidade de passar a baixa médica que o médico de
família exigia. Mais tarde, o próprio médico de família, que transferiu a
responsabilidade para a psiquiatra, também não interveio.
O seu médico assistente passou-lhe uma baixa de 50% em Janeiro, tendo em
conta o contrato de 80% que mantinha. Porém, desde Maio a situação da
baixa encontra-se indefinida, e poucos dias após essa indefinição, foi-lhe
comunicada a cessação do vínculo laboral com efeitos para o final de Julho, uma
decisão que agravou consideravelmente o seu estado emocional e psicológico. A
ausência de apoio clínico formal e a decisão patronal de cessar o contrato
criaram uma espiral de sofrimento e angústia.
A psicóloga que actualmente acompanha a paciente, e nunca a abandonou, reconhece
sintomas compatíveis com um transtorno de adaptação com sinais depressivos e de
ansiedade, e recomenda a manutenção de uma baixa médica de 50% até final de
Junho, com retoma gradual. Salienta ainda que o trabalho, desde que respeitadas
as suas limitações, é para esta paciente uma fonte de equilíbrio emocional e
bem-estar. A própria psicóloga entregou documentação formal, tanto ao médico de
família como à entidade empregadora, alertando para a gravidade da situação e
defendendo o direito à continuidade da baixa.
A entidade empregadora, embora reconheça o trauma e a gravidade da condição
clínica da funcionária, não interveio para impedir o despedimento, o que
contrasta com os elogios expressos à competência, dedicação e longa trajectória
da colaboradora. Ao longo dos anos, conquistou posições de liderança, formou
estagiários e foi responsável por diversos grupos de crianças. A encarregada da
firma e a profissional que acompanhou o pós-parto confirmaram o estado
debilitado da colaboradora e a sua entrega total às crianças e ao serviço.
Contudo, o mais chocante é o impacto combinado da falta de resposta do
médico de família e da passividade da entidade patronal, ambos responsáveis
directos pelo agravamento da situação clínica da funcionária. "É
inconcebível que, sabendo que o trabalho a ajuda, ambas as instituições, uma
médica e outra pedagógica, tenham falhado no essencial: proteger a saúde e a
dignidade da pessoa humana", refere uma fonte próxima da família.
"A funcionária pediu ajuda. A paciente explicou o quanto o trabalho
lhe faz bem. E ainda assim, trataram-na com frieza. Como é possível que,
perante tamanha vulnerabilidade, não haja empatia nem humanidade? Isto não é
ausência de sensibilidade, é ter pedras no lugar do coração", acrescenta.
“É evidente que há aqui um pacto de silêncio, uma forma de proteger o
sistema de saúde corrupto que não assume os seus erros. Médicos que não ajudam,
que se demitem da sua função, e uma entidade patronal que vira a cara a quem
serviu durante anos com dedicação. Que saúde é esta?”, questiona outra voz próxima da família.
Apesar do abandono institucional, a paciente encontra suporte emocional na
família: pais, irmãos, marido, cunhados e sobrinhos têm sido a verdadeira rede
terapêutica que a mantém de pé. Agora vê-se forçada a recorrer ao fundo de
desemprego. Encarará esse tempo como um espaço para se reconstruir, embora
admita já sentir saudades dos seus meninos e da adrenalina vivida no dia-a-dia:
“Parar para mim não é saudável”, confidenciou. Por isso, promete
adaptar-se e encontrar uma nova actividade que lhe devolva o brilho e a alegria
que o sistema injusto tentou apagar.
Perante esta omissão e falha sistemática, tanto o médico de família como a
direcção da instituição educativa serão denunciados às autoridades competentes,
incluindo ordens profissionais e entidades de defesa dos direitos humanos.
Perante um caso clínico claro, optaram por virar costas à funcionária,
ignorando os princípios elementares da empatia, da medicina e da justiça
laboral. Quem deveria cuidar, desprotegeu. Quem deveria respeitar, descartou. E
quem deveria proteger, falhou. Agora, terão de responder por isso.
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