A ajuda que foge: a farsa institucional da provedoria na Suíça.
Na aparente promessa de amparo e justiça, esconde-se uma realidade dura e crua que poucos ousam revelar. Quando um paciente enfrenta um conflito com o seu médico de família, em particular quando este se recusa a emitir um atestado médico nos momentos em que mais se necessita, o que deveria ser um direito básico torna-se uma via crucis.
É esta a história que chega da Suíça: um cidadão confrontado com a recusa do seu médico em reconhecer uma situação de doença, sendo empurrado de consulta em consulta, de serviço em serviço, até atingir a rotura total. O paciente vê-se forçado a abandonar o médico que deveria cuidar dele e a procurar outro, num desgaste exaustivo e humilhante.
A queixa formal, feita de forma detalhada e devidamente registada no sistema de saúde suíço, deveria merecer atenção e apoio por parte da provedoria. Porém, aquilo que se verifica é o contrário: dentro da comunidade profissional, há um pacto silencioso. Nenhum profissional quer ir contra os princípios ou opiniões do colega, mesmo quando este está manifestamente errado. Para evitar conflitos, para manter a aparência de harmonia, a resposta é sempre a mesma: não!
Recebemos uma resposta oficial da Associação dos Médicos do Cantão de Zurique (AGZ), prometendo que as queixas serão analisadas — desde que, e só que, sejam enviadas a um endereço muito específico, desconhecido para a maioria. Ora, se esta entidade realmente quisesse ajudar, não teria sido simples redirecionar a queixa para o sector correto ou ao menos enviar uma cópia para os responsáveis pela provedoria? Não. Em vez disso, o que se observa é um jogo de empurra: um departamento manda para outro, uma resposta que não responde, um contacto que não conduz a nada. Tudo para que o reclamante esgote a sua paciência.
A página oficial da provedoria da AGZ não passa de uma porta sem maçaneta — um formulário impessoal, vazio, onde o cidadão é lançado como um pedaço de papel a flutuar num mar burocrático sem fim. Isto não é amparo; é um muro de silêncio erguido por quem deveria proteger os mais frágeis.
Há uma clara fuga à responsabilidade, uma cultura institucional que prefere perder a confiança do público a assumir os erros e resolver os conflitos. Quem se dá ao trabalho de responder, na prática, nada faz para encaminhar, para clarificar, para aliviar o sofrimento daqueles que batem a estas portas.
Esta realidade amarga é um grito que merece ser ouvido. Na terra do rigor e da ordem, as instituições de saúde falham na sua promessa mais básica: ouvir, amparar, agir.
Revista Repórter X exige transparência, compromisso e respeito pelos direitos do cidadão. Porque justiça que se esconde por trás de um formulário é apenas uma ilusão, e ninguém merece ser deixado no escuro.
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