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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Tentativa de captura institucional de um homem adulto pela KESB

Tentativa de captura institucional de um homem adulto pela KESB:

Há histórias que chegam à Revista Repórter X como feridas abertas. Histórias de homens e mulheres que sempre viveram com dignidade, apesar das dificuldades, e que de repente se veem diante de uma máquina fria que fala em proteção, mas age como quem procura controlar vidas. Foi o que aconteceu com um homem adulto, trabalhador, contribuinte, que convive com o seu autismo com coragem e com crises ocasionais de gritos, mas que nunca foi agressivo, nunca levantou a mão à companheira, nunca representou perigo para ninguém. Era apenas um ser humano frágil num país que tem pouca paciência para a fragilidade.
E tudo começou numa dessas crises. Ele gritou, alto, muito alto, como quem pede ao mundo que o deixe respirar. A vizinhança, incomodada pelo som, chamou a polícia. A polícia entrou em casa dele sem que houvesse agressão, sem que houvesse crime, apenas porque alguém disse que havia barulho. E dentro da sua própria casa, onde deveria estar seguro, foi espancado, violentado por quem deveria manter a ordem, não quebrar a dignidade. Foi esse golpe injusto que abriu a porta à KESB. Foi esse momento de dor que transformaram em oportunidade.
Depois disso, a KESB aproximou-se dele como tantas vezes faz, com palavras mansas, com promessas de apoio, com a aparência de quem estende a mão. O objectivo, porém, era outro. Queriam que ele assinasse um documento de dependência, um compromisso que, uma vez firmado, o colocaria sob tutela, retirando-lhe liberdade, autonomia e futuro. Queriam-no internado. Queriam-no retido. A companheira não aceitou. Ele não aceitou. Ela disse que cuidava dele, que o acompanhava, que sabia o que ele precisava. A KESB insistiu, sorrindo, dizendo que era para o bem dele. Mas todos sabemos o que acontece depois da assinatura. Quem entra nesse sistema deixa de ser livre. Passa a viver como quem está numa cadeia sem grades, obedecendo a regras que não escolheu, respondendo a decisões tomadas por quem nunca viveu a sua vida.
É preciso perguntar, com voz firme, porque é que a KESB tem tanto interesse em adultos vulneráveis, mas com passado contributivo, com rendimento, com história de trabalho, com dignidade. E porque é que não se ocupam dos mendigos? A resposta ecoa em toda a Suíça. Os sem-abrigo não dão rendimento. Não alimentam instituições, não geram comissões, não servem para números de gestão. Muitos recusam tutela, preferem a liberdade dura da rua às paredes de uma instituição que impõe regras iguais às da prisão. Alguns recebem pequenas pensões da SVA e preferem ser pobres mas livres, do que controlados em nome de um bem-estar que nunca chega.
As queixas acumulam-se. A Suíça trata mal quem tem problemas psicológicos, quem está doente, quem sofreu acidentes, quem perdeu forças, quem não domina a língua. Diferencia quem é frágil. E é esta diferença que destrói vidas em silêncio. É esta diferença que chega à nossa redacção com profunda tristeza.
O caso deste homem adulto é mais um exemplo de como o sistema tenta alargar os seus tentáculos sob pretexto de ajuda. E para compreendermos a forma como o mecanismo se instala, segue abaixo a carta enviada pela directora da KESB à companheira dele, documento que tenta parecer cuidadoso, mas que marcou o início da tentativa de captura institucional, na sequência directa da crise, da entrada policial e da violência sofrida dentro da própria casa.
Informação sobre ofertas de apoio da KESB a um adulto:
Na sequência da conversa pessoal em Novembro de 2025, o seu parceiro informou, na sua presença, a Autoridade de Protecção de Crianças e Adultos, KESB, do Distrito de Pfäffikon, que atravessara uma crise por se sentir só. Afirmou que, fora desta situação excepcional, não tem qualquer problema com álcool.
Durante essa mesma conversa, a senhora relatou que o seu parceiro recebe já apoio recente de um psiquiatra e também de si. Indicou conhecer as ofertas de ajuda existentes e informou que todo o trabalho administrativo e financeiro se encontra tratado para o seu parceiro. Confirmou ainda que ele está inscrito no seguro de invalidez, IV, e manifesta desejo de uma reconversão profissional. Por agora, nenhuma ajuda adicional é necessária. A senhora tem consciência de que deve permanecer atenta.
A KESB acrescenta que se pode dirigir aos intervenientes em qualquer momento, caso necessitem de mais apoio. Chamamos também a atenção para outras ofertas de ajuda, como a Spitex psiquiátrica, o serviço especializado em dependências do Distrito de Pfäffikon, a linha de emergência para mulheres vítimas de violência em Winterthur e os serviços de aconselhamento da Pro Infirmis Zürich.
Alertam para não hesitarem em procurar apoio sempre que necessário.
Para uma eventual Spitex psiquiátrica, encontram-se disponíveis vários prestadores. Para tal, pode dirigir-se ao psiquiatra ou ao médico de família do seu parceiro.
“Estamos à disposição para quaisquer perguntas.”
 KESB Distrito de Pfäffikon ZH
MLaw Nadine Estermann, colaboradora especializada.
Esta frase é delas, não minha. É a voz da instituição que se quer fazer parecer prestável, mas cujas intenções já se tinham revelado na porta que tentaram fechar sobre a liberdade deste homem. E ele dará a sua entrevista à Revista Repórter X, porque ninguém pode ser espancado dentro da própria casa, nem capturado sob pretexto de ajuda.
autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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