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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Cobranças sem vergonha: seguradoras, Helsana e CSS, enviam avisos depois do pagamento

Cobranças sem vergonha: seguradoras enviam avisos depois do pagamento 


Chegaram cartas. Este mês, duas seguradoras de saúde na Suíça, Helsana e CSS, enviaram avisos de pagamento em atraso (Mahnung) a vários segurados. O mais grave: os avisos dizem respeito a prémios já vencidos e já pagos — no caso, do mês de Junho. As cartas foram recebidas no início de Julho, ou seja, depois de os pagamentos terem sido feitos, sem motivo nem justificação. 

A Revista Repórter X teve conhecimento de vários casos em toda a Suíça. São milhares de cartas recebidas indevidamente. Não é possível saber exactamente quem tem sido afectado e faz silêncio, mas esta prática não é pontual, nem isolada. Muitos terão sido tratados como devedores sem nunca o terem sido. 

Os vossos clientes têm o direito de pagar mais tarde por diversos motivos: doença, esquecimento, férias, entre outros. Essa realidade não vos dá o direito de os pressionar constantemente. 

Não se trata apenas de um erro técnico. Trata-se de um desrespeito pelo cidadão, num sistema onde o seguro é obrigatório e onde o segurado é frequentemente tratado como número, não como pessoa. 

Além da pressão ilegítima, estas acções acarretam custos inúteis: papel, impressão, envelopes, selos, expedição. Dinheiro mal gasto, recursos desperdiçados — num país onde nada é barato e tudo é controlado até ao cêntimo, excepto o absurdo institucional. Mais grave ainda: cada uma dessas notificações representa um custo em papel, envelope, impressão, selo e transporte. Quantas refeições, quantas ajudas sociais caberiam nesse desperdício em série? Quantos milhões se gastam em avisos que poderiam ser evitados com uma gestão mais humana e flexível? 

Pergunta-se: quem fiscaliza estas práticas? E quantos mais foram pressionados este mês, sem necessidade, sem aviso, sem razão? 

A quem servem estes métodos? Quem controla estas entidades? Quem protege os cidadãos de serem injustamente acusados de incumprimento? Quando o erro parte de cima e recai sempre sobre quem está em baixo, não é apenas um erro — é abuso. 

A Revista Repórter X continuará a expor estas práticas e a exigir respeito pelos segurados, que já pagam demais — em francos e em paciência. 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

A Segurança Social e o silêncio que rouba os pensionistas

A Segurança Social e o silêncio que rouba os pensionistas: 

Entendemos bem a vossa carta e vimos rectificar as falhas. Na primeira página (de 19 de Junho de 2025), o ponto a) explica que: 


"Com a inscrição na previdência por invalidez (IV) na Suíça, os direitos na União Europeia (como Portugal) também são automaticamente activados. A agência IV suíça é responsável por coordenar o processo de pedido com os órgãos de previdência estrangeiros. Portanto, não é permitido avaliar apenas as prestações suíças separadamente. Como o processo internacional com Portugal continua em andamento, ainda não tivemos respostas a concluir a avaliação, e lamentável." 

A pensão completa da pensionista dependerá do cálculo conjunto entre a Suíça e Portugal. A Suíça está a tratar apenas da parte suíça da pensão, com base nos anos de contribuição feitos lá (14 anos e 8 meses), mas o valor final só será definido após a resposta e cálculo da parte portuguesa. (Portanto, o cálculo está errado e deve ser feito com 17 anos de descontos, incluindo a baixa médica enquanto inscrita na SUVA!) 

Em resumo: A Suíça já calculou a sua parte e pagará o que corresponde ao tempo de contribuição na Suíça com dados contabilizados errados. (A IV está equivocada, pois faltam contabilizar cerca de 2 anos e 4 meses.) 

O processo com Portugal continua em andamento: O valor total da pensão só será definido após a conclusão do processo entre os dois países, como parte de um acordo internacional de coordenação de seguros sociais, ou seja, um acordo internacional, que para nós serve para poderem manipular e penalizar o cidadão! 

Há uma aparente contradição nos documentos, e eu tenho o dever e razão de apontar isso. 

Vamos esclarecer: 

  1. No ponto (a) da carta de 19 de Junho de 2025, dizem: Com a inscrição na IV da Suíça, os direitos nos países da UE também são activados automaticamente. A Suíça coordena o processo com as instituições estrangeiras (neste caso, Portugal), e por isso não é possível analisar apenas os direitos suíços separadamente, pois o processo internacional está em andamento. Dizem que a pensão será tratada em conjunto com Portugal, como parte de um processo internacional. Para a pensionista, isto não passa de uma manobra e uma promessa de cooperação e interesses políticos entre os dois países. 

  1. Mas no ponto (b) da mesma carta, afirmam: Quanto às alegações sobre a pensão em Portugal, não podem se pronunciar. Essa questão não é objecto deste processo de queixa. Reivindicações ligadas a Portugal devem ser apresentadas à previdência portuguesa. Agora dizem que não é problema deles e que a pessoa tem que resolver directamente com Portugal. 

Como interpretar isso? 

Não é exactamente uma contradição formal, mas é confuso e injusto para o segurado. Na teoria legal, os sistemas de previdência da Suíça e de Portugal trabalham juntos, sim, mas não deviam trabalhar juntos. Isso está previsto nos acordos da UE e na coordenação internacional da previdência social. Na prática administrativa, a Suíça só cuida da parte que lhe cabe e não calcula ou paga a parte portuguesa. Então eles dizem: “nós avisamos Portugal, mas se você quiser cobrar essa parte, tem que falar com eles”. 

Conclusão: Sim, a Suíça admite que Portugal entra no processo, mas recusam-se a tratar de qualquer responsabilidade portuguesa. 

A Suíça diz: “Coordenamos, mas não decidimos nem garantimos o que Portugal vai pagar.” Se a pensionista quiser garantir a parte portuguesa da pensão, ela mesma (ou um representante legal) terá que entrar em contacto com a segurança social portuguesa. 

Cada país paga a sua parte da pensão: A Suíça paga apenas pela parte dos anos em que a pensionista contribuiu na Suíça. Portugal paga apenas pelos anos em que a pensionista contribuiu em Portugal. 

Essas pensões não se "juntam" num só valor, mas sim: São calculadas separadamente e pagas separadamente, mas fazem parte de um mesmo processo coordenado. 

E como funciona esse processo coordenado? 

Com os acordos internacionais (como os tratados entre a Suíça e UE), existe um sistema onde: 

  • Cada país calcula a pensão proporcional com base no tempo de contribuição. 

  • Eles comunicam entre si para saber o total de anos de contribuição da pessoa. 

  • O segurado recebe uma pensão de cada país, proporcional aos anos em que pagou para cada um. 

Exemplo prático e correcto (hipotético): a pensionista contribuiu: 

  • 23 anos em Portugal 

  • 17 anos na Suíça 

Então: Portugal deve calcular e pagar uma pensão correspondente a 23 anos. Suíça deve calcular e pagar uma pensão correspondente a 17 anos. No fim, a pensionista deve receber duas pensões separadas, uma de cada país. 

Por que parece que querem pagar menos? 

Porque a Suíça só quer pagar a sua parte proporcional e não quer ser responsabilizada pela parte que cabe a Portugal, então, mesmo reconhecendo que o total pode ser baixo, dizem: 

“Isso não é problema nosso, se for insuficiente, vá pedir assistência social ou fale com Portugal.” (Esta é uma frase incoerente e manipuladora. Quem descontou toda a vida só tem de receber uma pensão condigna para viver e não deve ir pedir apoio à Segurança-Social. A Segurança-Social é para os coitados que não descontaram, mas a Suíça está a fazer da pensionista uma coitada!) 

Ou seja: a Suíça está a seguir a regra, mas sem interesse em garantir que a pessoa realmente tenha uma pensão digna no total. 

Resumo final: 

Sim, cada país paga a sua própria parte da pensão, de forma proporcional. A pensionista quer receber duas pensões completas com duas fracções com base no tempo trabalhado em cada país. A Suíça já calculou e mal calculado e agora tem de rectificar e depois deve pagar a parte dela. A parte portuguesa continua pendente e a pensionista deve acompanhar com a Segurança-Social de Portugal. Por sua vez, a Segurança-Social Portuguesa enviou um cheque no valor de 10.117,35 euros que foi negado receber na Suíça pela Post e UBS, no qual pedimos esclarecimentos, pois não sabemos a que se refere esse pagamento e nós exigimos saber com exactidão todo o processo... 

Estamos a sentir-nos frustrados, o que está a acontecer com a pensionista é, infelizmente, uma realidade comum e profundamente injusta para muitas pessoas que trabalharam honestamente durante toda a vida, tanto na Suíça como noutros países europeus. 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Carta aberta sobre os erros do sistema de segurança social suíço e o apagamento dos anos de doença contributiva

Carta aberta sobre os erros do sistema de segurança social suíço e o apagamento dos anos de doença contributiva

Exmos. Senhores,

Chamo-me António Manuel, sou um cidadão que trabalhou, adoeceu e cumpriu sempre com as suas obrigações neste país. Mas hoje escrevo esta carta não só por mim, mas por muitos. Muitos que, como eu, pagaram o que lhes pediram, cumpriram o que lhes exigiram, confiaram num sistema que prometia justiça social e dignidade para quem cá vive e trabalha.

Mas agora, na hora de fazer contas, descubro que anos inteiros da minha vida foram apagados. Anos de doença prolongada, anos em que, mesmo sem receber salário, continuei a pagar o seguro de saúde, continuei registado, continuei presente. E no entanto, a conta da AVS não os regista. Como se a doença me tivesse apagado não só do trabalho, mas da existência.

Três anos de baixa. Nenhum declarado como contributivo. Nenhuma instituição – nem SUVA, nem AI, nem AC – assumiu o dever de comunicar rendimentos fictícios. Ninguém me avisou. Ninguém me explicou. Mas todos continuaram a cobrar.

O Estado suíço é implacável a exigir, mas irresponsável a reparar.
Os erros não são revistos, os casos não são acompanhados, os direitos são esquecidos.

E este não é um caso único. Há muitos Antónios, Marias e Rosas que passam pelo mesmo. Gente que serviu este país com o corpo e com a alma. Gente que caiu doente e foi simplesmente riscada das contas.

Não aceito esta injustiça.
Exijo a revisão integral do meu extracto contributivo. Exijo que os anos de doença sejam contados como o que foram: anos de vida, de esforço, de sacrifício. E exijo que as entidades responsáveis sejam obrigadas a declarar o que a lei lhes impõe.

Esta carta é um apelo. Um grito. Um pedido de dignidade.

Porque um país que se diz justo não pode apagar quem ficou doente.

Com verdade e coragem,
António Manuel


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

terça-feira, 1 de julho de 2025

O Estado que cobra mas não repara: milhares de anos contributivos perdidos nas mãos da burocracia suíça

O Estado que cobra mas não repara: milhares de anos contributivos perdidos nas mãos da burocracia suíça

Por João Carlos Veloso Gonçalves – Revista Repórter X

Na Suíça, o Estado é célere a cobrar, inflexível no exigir, meticuloso no punir. Mas quando erra, quando falha, quando esquece – sobretudo os que adoeceram – silencia-se. Finge que não viu. E o cidadão que pagou tudo, que cumpriu tudo, que confiou… é lançado ao esquecimento estatístico.

Nos extractos da AVS, surgem buracos como se a vida tivesse sido suspensa. Três anos de doença? Não contam. Meses inteiros sem salário, mas com seguros pagos, com moradas fixas, com provas de permanência no país? Desaparecem sem explicação. A máquina registadora do Estado está sempre a funcionar – mas o registo da dignidade humana falha com frequência cirúrgica.

Os trabalhadores estrangeiros, sobretudo os que fazem os trabalhos pesados, estão entre os mais afectados. Muitos passaram por doenças prolongadas, viveram processos com a SUVA, com a AI, com os médicos da caixa. Mas quando chega o dia da verdade, ninguém declarou os rendimentos fictícios que, por lei, deveriam substituir os salários. A conta da AVS, essa bíblia do tempo útil, aparece mutilada. Anos contributivos arrancados como páginas de um livro que não interessa ler.

As instituições responsáveis – SUVA, AI, AC – lavam as mãos. A SVA, que deveria proteger o sistema, limita-se a contabilizar o que lhe foi declarado, mesmo que faltem capítulos inteiros. O resultado? Pensões cortadas, direitos amputados, vidas inteiras a pagar por falhas que não lhes pertencem.

Não são casos isolados. Há Marias, Antónios, Joãos e Fatimas nesta situação. Gente que não pediu favores, apenas justiça. Gente que trabalhou, adoeceu e foi descartada.

O Estado suíço é um mestre da cobrança, mas um aprendiz da reparação. Exige até ao último cêntimo, mas não responde quando falha. A dignidade humana não pode ser uma nota de rodapé na contabilidade pública.

A Revista Repórter X exige respostas. E exige acções. A recuperação dos anos em falta. A responsabilização de quem não declarou. A rectificação imediata dos extractos contributivos. Porque um país que se diz civilizado não pode permitir que a doença de um cidadão se transforme em motivo de apagamento institucional.

Hoje são centenas. Amanhã serão milhares. E o silêncio será tão cúmplice como o erro.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial