Pesquisar neste blogue

Übersetzung in Ihre Sprache

Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Suíça, o teatro do controlo: a máquina da RAV que pune, vigia e silencia os desempregados

Suíça, o teatro do controlo: a máquina da RAV que pune, vigia e silencia os desempregados


Na Suíça, onde o relógio governa a vida e a pontualidade é virtude nacional, esconde-se um mecanismo implacável de controlo estatal: a RAV – Regionales Arbeitsvermittlungszentrum, o centro de desemprego que, ao invés de proteger, vigia, manipula e castiga.

O caso que hoje trazemos à luz é apenas mais um reflexo de um sistema que trata os desempregados como súbditos, e não como cidadãos com direitos. Uma engrenagem burocrática que, sob o pretexto da eficiência, obriga, exige, ameaça, e pune, como se estivéssemos sob tutela, como se fôssemos crianças mal-comportadas sob vigilância permanente de um Estado-Pai disciplinador.

Um trabalhador temporário numa gráfica vive esta realidade na pele. Sem contrato escrito, como é habitual no sector, trabalha quando o chamam, pára quando há pausa. Não sabe quando volta, nem a gráfica sabe. Mas isso, para a RAV, pouco importa.

Querem saber que dias ele trabalhará nas próximas semanas, como se o trabalho temporário fosse um plano traçado ao minuto. Como se a incerteza não fosse parte do próprio nome: temporário.

E se ousar fazer uma pausa, tirar férias como qualquer cidadão? Multa. Suspensão. Redução. A RAV transforma o descanso num castigo, exige marcações, impõe cursos no pico do Verão, empurra o trabalhador para actividades obrigatórias com um só fim: evitar o pagamento do fundo de desemprego a que muitos têm direito por dois anos.

Não arranjam trabalho, mas pressionam para que o trabalhador arranje por si. Não lhes interessa se estás doente, se tens consulta, se tens burnout ou cirurgia marcada. O que importa é manter o número baixo de subsídios pagos.

E quando, como neste caso, o temporário regressa ao posto de sempre, mesmo sem contrato, a RAV insiste em chamar-lhe "novo ciclo", exigindo novos papéis, novos currículos, novos relatórios. Fingem que tudo recomeça, para evitar assumir a continuidade.

Ao mesmo tempo, enviam convocações obrigatórias como esta:

"Einladung zum persönlichen Beratungsgespräch – 4. August 2025, 16:00 Uhr. [...] Dieses Gespräch ist gemäss Arbeitslosenversicherungsgesetz obligatorisch."

Se não fores, és penalizado. Se estás doente, tens de provar. Se falhares um prazo, és punido. E se fores de férias, não recebes o ordenado do fundo, mesmo tendo trabalhado antes.

Este é o retrato de uma Suíça que muitos desconhecem. Um país de direitos no papel, mas de controlo obsessivo na prática, onde o trabalhador precário é olhado com desconfiança, e tratado como potencial burlão, não como ser humano.

A pergunta impõe-se: que justiça é esta, que pede papéis a quem já vive do esforço, e silêncio a quem clama por dignidade?

A máquina continua a girar, impávida. Mas aqui, nesta página, a voz do trabalhador anónimo — como a de tantos outros — não será abafada.

autor: quelhas
revista repórter X


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

JOÃO CARLOS QUELHAS: A HORA DE MUDAR PORTUGAL É AGORA:

JOÃO CARLOS QUELHAS: A HORA DE MUDAR PORTUGAL É AGORA:


Portugueses, residentes e emigrantes,
Dizei com verdade no coração:
Estais contentes com os governantes do passado?

Estais satisfeitos com Luís Marques Mendes, figura do PSD, partido do sistema, sempre fiel ao poder instalado? Com António José Seguro, também ele do sistema, apoiado pelos mesmos que conduziram Portugal à ruína? E com Gouveia e Melo, que serviu a Armada Portuguesa, mas que agora se apresenta apoiado pelos partidos e interesses de sempre?

Não viveram e sustentaram todos eles o mesmo sistema corrupto que esvaziou as aldeias, empobreceu as famílias, expulsou milhões de portugueses para o estrangeiro e destruiu o orgulho nacional?

Não será chegada a hora de mudar Portugal pelos residentes e pelos emigrantes?

Portugal precisa de um Presidente da República que não seja político, que seja isento, com ideias claras e conhecimento de vida real. Um Presidente que traga o povo para dentro de Belém, que convoque como assessores os conselheiros das comunidades, os deputados da emigração, os presidentes de câmara, das associações, dos sindicatos, a verdadeira representação popular.

Eu, Quelhas, emigrante português, homem livre, trabalhador, escritor, conhecedor das dores do povo, serei o melhor Presidente da República Portuguesa de sempre.

Mas para isso, preciso de vós.
Assinai o formulário para que eu possa reunir as 7 500 assinaturas exigidas por lei, e assim ser oficialmente nomeado como candidato à Presidência da República Portuguesa.

Portugal é de todos, e todos juntos o podemos mudar.
A coragem está em erguer a voz. A esperança está em assinar.

autor: Quelhas


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

O serviço de água mais caro do país

O serviço de água mais caro do país


Como pode um presidente pretender governar de novo os destinos dos povoenses, quando em vez de baixar o valor caríssimo da água e da contagem de contadores, continua a fechar os olhos a uma realidade que todos conhecem, mas poucos ousam denunciar.

Há milhares de emigrantes que, estando fora, são obrigados a pagar sem consumir, apenas porque um sistema injusto assim o impõe. Como pode haver justiça quando se cobra por ausência, quando a água que não corre pelos canos é transformada em receita contra quem tanto trabalhou e teve de partir.

A cada débito direto que chega, como este de 16,05 euros para muitos que nem cá vivem, o povo sente a dureza de um poder municipal que parece não ouvir nem sentir. Isto não é apenas uma conta, é um grito silencioso de indignação que se espalha de casa em casa, de emigrante em emigrante.

Se queremos futuro, tem de começar por aqui, na verdade simples e nua: a água não pode ser ouro, o contador não pode ser cadeia.

autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Suíça intrometida não olha pelos seus e quer dar santidade a Putin

A Suíça mete-se em tudo, até no que não deve e, mete muita gente na 'merda' quando tem doenças ou acidentes ou na reforma, quer na pensão, quer nos impostos sobre dinheiro que já é nosso.


A Suíça tem sempre cultivado a imagem de neutralidade e ordem, mas essa neutralidade, vista de fora, muitas vezes se transforma em uma interferência discreta, mas poderosa, nos assuntos do mundo. Oferecer imunidade a alguém como Putin para que um palco de conferência se realize mostra a sua capacidade de negociar acima das regras, de mover-se com diplomacia, com cálculo e influência.

Ao mesmo tempo, dentro das suas fronteiras, a Suíça mostra uma frieza desconcertante. Pessoas que enfrentam doenças, acidentes ou que dependem de pensão são sujeitas a burocracia rígida, decisões evasivas e empurrões intermináveis de um lado para o outro. O mesmo Estado que protege e favorece líderes mundiais falha em proteger os seus próprios cidadãos, muitas vezes complicando-lhes a vida, atrasando direitos que já lhes pertencem, ou aplicando impostos sobre dinheiro que é deles por direito.

Este contraste é brutal e poético: uma nação que brilha nas negociações globais, mas tropeça na justiça social doméstica. Mostra que o poder e a organização não significam humanidade, e que, enquanto alguns beneficiam da diplomacia e da neutralidade suíça, outros pagam com sofrimento, demora e injustiça.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Ein Emigrant in der Schweiz: Rechte, Arbeit und persönliche Herausforderungen

Ein Emigrant in der Schweiz: Rechte, Arbeit und persönliche Herausforderungen

Ein Emigrant in der Schweiz sendet per E-Mail eines der korrigierten Schreiben, wobei jeglicher Bezug zur RAV entfernt wurde. Er stellt klar, dass er das Schreiben nicht zweimal senden wird und dass es nur ein Muster des Formats darstellt, das er zur Kontaktaufnahme mit Unternehmen verwenden wird. Wenn die Kommunikation ausschließlich an diese Art von Unternehmen gerichtet ist, wird er dieses Modell verwenden; andernfalls wird er einen neuen Text für eine andere Art von Arbeit erstellen und akzeptiert keinen Widerspruch hinsichtlich dessen, was er den Firmen mitteilen möchte.

Er hat keine Inserate entfernt, sondern die Kontakte direkt über Google erhalten. Er erklärt, dass ihm in vielen Jahren kein Unternehmensleiter Arbeit mit Aufforderung zu Arbeitsbemühungen per Brief oder E-Mail zugewiesen hat, da dieses Verfahren als nutzlose Formalität gilt. Alle bisherigen Arbeitsstellen hat er durch mündliche Anfragen erhalten, ein Verfahren, das er weiterhin nutzt. Er dokumentiert mündliche Arbeitsanfragen nur selten, da die RAV kompliziert ist und die Richtigkeit dieser Anfragen infrage stellt, obwohl sie wahr sind. So hat er alle seine Arbeitsstellen erhalten.

Er weiß, was er den Firmen schreiben muss. Zu behaupten, dass er bei der RAV registriert ist, ist keine Lüge, da er registriert ist und als Temporärangestellter arbeitet. Wenn er dies nicht in der E-Mail erwähnt, hat er es bereits mehrfach telefonisch mitgeteilt. Er erklärt, dass, wenn das Unternehmen, bei dem er arbeitet, viel Arbeit hat und ein Termin bei der RAV entsteht, dieser verschoben oder ein anderer Mitarbeiter eingesetzt werden muss, ein Punkt, auf den sich beide Parteien geeinigt haben. Der neue Termin muss in beiderseitigem Einvernehmen vereinbart werden. Er möchte Klarheit darüber, ob er die Termine bei der RAV oder die Arbeit priorisieren soll, auch als Temporärangestellter.

Seine E-Mails können aggressiv wirken, aber er schreibt dies Übersetzungsverzerrungen zu, obwohl er seine Ideen immer höflich ausdrückt. Was Deutsch betrifft, spricht er schlecht aus, versteht aber viel besser; er bittet darum, langsam zu sprechen und bei Unverständnis zu wiederholen. Seine Art zu sprechen ist laut, wie immer; für ihn ist das normales Sprechen. Er hält auch öffentliche Reden und behält dabei eine laute Stimme.

Bezüglich des Anspruchs auf das Arbeitslosengeld hat er bereits mehrfach an UNIA, RAV und Amt für Arbeiten geantwortet. Die Entscheidung, das Arbeitslosengeld auszusetzen oder nicht, liegt nicht bei der RAV; er selbst muss entscheiden. Er versucht, seiner Pflicht nachzukommen, und hält es für die Aufgabe des RAV-Mitarbeiters, mit der Situation des Temporärangestellten zu kooperieren. Wenn er zu Hause wäre, könnte die Intervention größer sein, aber als Temporärangestellter muss Harmonie zwischen den Parteien bestehen.

Er nimmt selten Anrufe von unbekannten Nummern an wegen Spam, und während der Arbeit ist es verboten, Anrufe entgegenzunehmen. Daher sollte die RAV immer per E-Mail schreiben, ohne anzurufen, ebenso wie Arbeitgeber per E-Mail antworten sollten. Er erfüllt seine Pflicht, E-Mails zu senden, während andere es vermeiden zu antworten.

Gesundheitlich hat er immer gearbeitet, jedoch mit körperlichen Einschränkungen: Gewicht, Größe, Empfindlichkeit gegenüber Temperaturen, starken Gerüchen, Hitze, Feuchtigkeit und weiteren Hindernissen. Sprache und Gesundheit sind die größten Hürden. Wenn er besser Deutsch sprechen würde, könnte er in einem Büro, Supermarkt oder in leitender Position arbeiten, aber so wie er ist, ist er eingeschränkt und hat keine Möglichkeit, eine passendere Arbeit zu suchen. Die Gesundheit bestimmt seine Fähigkeit, ein Leben aufrechtzuerhalten.

Er gesteht, dass er während seiner Karriere nicht persönlich, aber hinsichtlich der Beschäftigungsfähigkeit misshandelt wurde: Misshandlungen am Arbeitsplatz, fehlende Sicherheit, Handhabung schwerer Lasten trotz seines Gesundheitsproblems, Treppensteigen mit Staubsauger, Reinigungsarbeiten in staubigen Umgebungen, Temperaturwechsel zwischen Kälte und Wärme, ständige Schichtwechsel, die Mahlzeiten- und Schlafrhythmen beeinträchtigen und die Immunität schwächen. Er beklagt Firmen, die Arbeiter ausbeuten und individuelle Grenzen ignorieren; er weigert sich, freiwillig Arbeitsstellen aufzugeben, obwohl er dies in Erwägung gezogen hatte.

Das Hauptproblem ist die fehlende Sicherheit: Arbeiter leisten die doppelte Arbeit anderer, ohne dass Vorgesetzte eingreifen. Er hat Kollegen beobachtet, die verbal und körperlich misshandelt wurden, sogar mit geworfenen Gegenständen. Glücklicherweise war er nie intellektuellem oder psychologischem Missbrauch ausgesetzt, hat jedoch schwere Vorfälle gegen junge Kollegen miterlebt.

Er liebt seine Arbeit, auch wenn ständige Schichtwechsel ihn körperlich belasten. Er wird nur wechseln, wenn eine feste, anpassbare Position mit höherem Gehalt entsteht; andernfalls bleibt er, wo er ist. Er arbeitet lieber acht, neun oder zehn Monate im Jahr, als das Unternehmen für immer zu verlieren, indem er einen anderen temporären Job annimmt. Er hält es für besser, zu sichern, was er hat, als zu riskieren, es zu verlieren, und erkennt an, dass er derzeit ohne RAV-Unterstützung, aber im Kampf um die Verlängerung des Arbeitslosengeldes, selbst entscheiden muss, was das Beste für ihn ist.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Do veneno à salvação; Que medicamentos tomam os transplantados renais?

Do veneno à salvação: Que medicamentos tomam os transplantados renais?


Que cocktail de comprimidos garante que um rim estranho seja aceite num corpo ferido? E que preço biológico pagam por isso — que efeitos secundários, que fraquezas, que silêncios pairam em cada dose diária?

Poucos sabem responder. Muitos nem sequer perguntam. A medicina moderna, poderosa e fria, entrega as caixas e manda seguir. Mas por trás de cada pílula há um laboratório, uma história, uma molécula isolada, um caminho químico — e às vezes, um animal.

Os transplantados tomam imunossupressores. Drogas como a ciclosporina, o tacrolimus, o micofenolato de mofetil. Estas substâncias impedem o sistema imunitário de rejeitar o novo órgão. Mas também os tornam vulneráveis: a infecções, a tumores, a cansaços inexplicáveis. Os rins, paradoxalmente, são protegidos e agredidos ao mesmo tempo.

E mais: muitos destes doentes tomam também medicamentos para a hipertensão, já que a função renal — mesmo com o transplante — permanece delicada. É aqui que entra uma família de medicamentos cujo nascimento foi quase poético: os inibidores da enzima conversora da angiotensina, os famosos IECAs.

Entre eles, o primeiro e o mais singular: o captopril.

Quem imaginaria que uma cobra das matas brasileiras, a temível Bothrops jararaca, guardava no seu veneno a chave de um tratamento que salvaria milhões de corações e rins?

Na década de 1960, investigadores brasileiros repararam que a picada da jararaca provocava uma queda acentuada da pressão arterial. Intrigados, isolaram os peptídeos activos do veneno e descobriram que estes inibiam a enzima conversora da angiotensina (ECA), impedindo a formação de uma substância vasoconstritora: a angiotensina II. Essa enzima, quando inibida, permite que os vasos se dilatem, a pressão baixe, e o coração respire.

A descoberta chegou aos laboratórios da Squibb (hoje Bristol-Myers Squibb), e ali nasceu o captopril, o primeiro IECA, derivado directamente da estrutura química natural do veneno da cobra. Um fármaco vindo da floresta, que abriu caminho para outros: enalapril, ramipril, lisinopril, perindopril — todos sintéticos, todos inspirados no veneno, mas sem a sua origem animal.

O captopril, porém, mantém essa linhagem viva: uma ponte entre o selvagem e o científico, entre a ameaça e a salvação.

Para os transplantados renais, esta classe de medicamentos tornou-se essencial. Os IECAs não só ajudam a controlar a pressão arterial, como também protegem o rim transplantado do desgaste provocado pela hipertensão e pelos efeitos tóxicos de outros medicamentos. São um escudo silencioso, uma defesa bioquímica que nasceu da escuta da natureza.

Hoje, dezenas de milhões de pessoas — transplantados, diabéticos, hipertensos — tomam diariamente comprimidos que descendem de uma serpente. Vinda da mata, ela trouxe não só medo, mas também vida. Não há ironia: há sabedoria.

Num tempo em que nos afastamos da terra, das raízes, da escuta, a história do captopril recorda-nos que o remédio pode vir da ferida. Que o veneno pode curar. E que a humildade diante da natureza é, ainda, o mais sábio dos medicamentos.

Do veneno à salvação, é um caminho feito de perguntas, de observação e de coragem para ver a cura onde antes víamos apenas perigo.

Mas nem tudo vem de serpentes. Muitos dos medicamentos tomados pelos transplantados têm também origens inesperadas, tão discretas como extraordinárias.

A ciclosporina, por exemplo, foi descoberta em 1971 num solo recolhido nas florestas da Noruega. A substância activa foi isolada de um fungo chamado Tolypocladium inflatum. Não era nem árvore nem animal, mas um organismo microscópico, enterrado na humidade da terra. A farmacêutica suíça Sandoz, hoje parte do grupo Novartis, foi a responsável pelo desenvolvimento clínico da molécula e pela sua consagração como o primeiro grande imunossupressor moderno. Graças à ciclosporina, os transplantes deixaram de ser aventuras de risco e passaram a ser terapias com esperança.

Outro nome bem conhecido dos transplantados é o CellCept, cujo princípio activo é o micofenolato de mofetil. Esta substância é uma versão modificada do micofenólico, isolado pela primeira vez no século XIX a partir de um bolor encontrado em cascas de maçã e madeira velha. O medicamento, na forma como é usado hoje, foi desenvolvido pela farmacêutica suíça Roche, e continua a ser fabricado em países como a Suíça, Alemanha e Estados Unidos. É uma peça essencial no regime imunossupressor moderno, actuando de forma complementar à ciclosporina ou ao tacrolimus.

Também os níveis de colesterol precisam de ser controlados após um transplante, para proteger o sistema cardiovascular e evitar a rejeição crónica. Aqui entra a rosuvastatina, comercializada sob o nome Crestor®. Foi desenvolvida pela AstraZeneca, com centros de produção no Reino Unido, Suécia, Irlanda e nos Países Baixos. A rosuvastatina é uma estatina sintética, mas a sua origem científica está ligada às estatinas naturais inicialmente isoladas de fungos como o Aspergillus terreus. Mais uma vez, é da vida escondida na terra que nasce o remédio.

Por fim, há também medicamentos menos conhecidos, de fabrico tipicamente suíço, como o Zortress® (everolimus), desenvolvido pela Novartis, que actua como imunossupressor em transplantados e também como agente contra certos tumores. O everolimus é uma derivação da rapamicina, descoberta nas ilhas da Páscoa — isolada de uma bactéria chamada Streptomyces hygroscopicus. A substância foi encontrada em amostras de solo recolhidas por uma expedição canadiana nos anos 1970. Da terra remota nasceu um agente terapêutico de alto alcance.

É pois justo dizer que muitos dos comprimidos tomados diariamente por quem vive com um órgão transplantado vêm do solo, dos fungos, das bactérias, das florestas esquecidas. A farmacologia não nasce do nada — nasce de um mundo que respira em silêncio, onde a ciência, quando escuta, descobre.

Cada comprimido tem uma história, cada nome um eco de longe. Do solo norueguês ao Japão, das ilhas do Pacífico às matas do Brasil, os medicamentos dos transplantados são herança do mundo natural. E lembrar isso é, também, respeitar o corpo que os recebe e a vida que os sustenta.

autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

SEGURADORAS CRIAM DUPLO CONTRACTO SEM CONSENTIMENTO E TRIBUNAL FEDERAL DE LUSERNA É ACUSADO DE CUMPLICIDADE

SEGURADORAS CRIAM DUPLO CONTRACTO SEM CONSENTIMENTO E TRIBUNAL FEDERAL DE LUSERNA É ACUSADO DE CUMPLICIDADE:


Uma cidadã residente na Suíça denunciou, com indignação e clareza, uma situação que considera gravemente ilegal e escandalosamente ignorada pela justiça helvética. No centro do conflito está um erro administrativo entre duas seguradoras, KPT e ASSURA, que celebraram contractos sobrepostos, criando uma duplicação sem qualquer base legal. O caso chegou ao Tribunal Federal de Luserna, nomeadamente à sua Terceira Secção de Direito Público, e ao Tribunal da Segurança Social de Winterthur.

Segundo a denunciante, a seguradora KPT recusou uma rescisão contractual dentro do prazo legal, enquanto, em simultâneo, a ASSURA emitia um novo contracto sem que o anterior tivesse sido formalmente cancelado. Uma sucessão de falhas que, segundo a própria, devia ter sido prontamente corrigida pela justiça. Mas não foi. “O vosso tribunal, em vez de corrigir esse atropelo à lei, limita-se a subscrevê-lo com silêncio e inércia cúmplice”, escreveu a cidadã na carta enviada aos tribunais.

Só após insistência e denúncia foi que a ASSURA reconheceu não possuir base legal para manter o contracto. Ainda assim, nenhuma medida foi tomada para reparar a situação. A cidadã exige agora a imediata transferência do seguro para a Helsana, única solução que considera justa e legal.

O caso ganha contornos ainda mais graves quando se percebe que o objectivo era unificar todos os seguros da família numa só entidade. No entanto, nem essa instrução foi seguida: os contractos suplementares das seguradoras anteriores não foram rescindidos, aumentando o caos e os encargos.

“Foi tamanha a falta de responsabilidade e de profissionalismo”, afirma, denunciando uma actuação negligente e lesiva, com consequências directas na sua vida.

A cidadã alerta que, caso a ASSURA avance futuramente com um processo por não pagamento, a responsabilidade será do Tribunal Federal de Luserna, por ter recusado corrigir a tempo uma ilegalidade óbvia. Aponta, sem hesitação, parcialidade judicial, protecção dos interesses das seguradoras e desprezo pelas provas apresentadas.

Refere ainda que está a ser afectada emocional e fisicamente por este processo, que a impede de viver em paz como cidadã e como profissional da educação. “Tenho andado stressada, culpo todos aqueles que estão a colocar problemas na minha vida”, escreve, sem medo das palavras.

Na carta, afirma existir alguém neste processo a actuar deliberadamente a favor das seguradoras, ignorando provas, factos e prazos, o que, segundo ela, põe em causa a imparcialidade do próprio tribunal.

Para além da reposição do seguro, exige o pagamento de uma comissão prometida e nunca paga pela ASSURA e uma indemnização pelas consequências e danos causados, alertando que os direitos dos cidadãos não se respeitam por cortesia, mas pela força da lei.

“Exijo ser ouvida em Tribunal. Exijo justiça séria. Exijo respeito humano.”

A Revista Repórter X continuará a acompanhar este processo e a dar voz a todos aqueles que se recusam a ajoelhar perante as injustiças do sistema.

autor: Quelhas
www.revistareporterx.com

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Um emigrante na Suíça: direitos, trabalho e desafios pessoais

Um emigrante na Suíça: direitos, trabalho e desafios pessoais

Um emigrante na Suíça envia, através de e-mail, uma das cartas corrigidas, retirando qualquer referência à RAV. Esclarece que não enviará a carta duas vezes e que esta representa apenas uma amostra do formato que usará para contactar as empresas. Caso a comunicação seja dirigida exclusivamente a este tipo de empresas, seguirá este modelo; caso contrário, fará um novo texto para outro tipo de emprego, e não admite ser contrariado quanto ao que pretende transmitir às firmas.

Não retirou nenhum Inserat, tendo obtido os contactos directamente pelo Google. Afirma que, em muitos anos, nenhum responsável de empresa o colocou a trabalhar com pedido de Arbeitsbemühungen por carta ou e-mail, considerando esse procedimento uma formalidade inútil. Todos os empregos que teve até hoje foram obtidos por solicitação verbal, método que continua a usar. Apenas raramente regista os trabalhos solicitados oralmente, porque a RAV é complicada ao ponto de questionar a veracidade desses pedidos, embora sejam verdadeiros. Foi assim que conseguiu todos os seus empregos.

Sabe o que deve escrever às firmas. Afirmar que está inscrito na RAV não é mentira, pois encontra-se inscrito e a trabalhar como temporário. Caso não mencione no e-mail, já o comunicou várias vezes por telefone. Explica que, quando a empresa onde trabalha tem muito trabalho e surge um Termin na RAV, é necessário adiar ou outro trabalhador ocupar o seu lugar, ponto assente entre ambas as partes. O novo Termin deve ser marcado em concordância com ambos. Quer ter clareza sobre se deve priorizar o Termine na RAV ou o trabalho, mesmo sendo temporário.

Os seus e-mails podem parecer agressivos, mas atribui a distorções de tradução, embora sempre expresse as suas ideias com educação. Quanto ao alemão, prenuncia-se mal, mas compreende muito melhor; pede que lhe falem devagar e que reformulem caso não entenda. A sua forma de falar é alta, sempre foi assim; para ele, é falar normal. Realiza também discursos públicos, mantendo a voz elevada.

Sobre o direito ao Fundo-Desemprego, já respondeu diversas vezes à UNIA, RAV e Amt Für Arbeiten. A decisão de suspender ou não o Fundo-Desemprego não cabe à RAV; cabe-lhe a si decidir. Procura cumprir o seu dever, e considera que o funcionário da RAV tem obrigação de cooperar com a situação de trabalhador temporário. Caso estivesse em casa, a intervenção poderia ser maior, mas como temporário, deve haver harmonia entre as partes.

Raramente atende telefonemas de números não registados, devido a spam, e quando trabalha é proibido atender chamadas. Portanto, a RAV deve sempre escrever por e-mail, sem telefonar, assim como os empregadores devem responder por e-mail. Ele cumpre a obrigação de enviar e-mails, enquanto outros evitam responder.

Em termos de saúde, sempre trabalhou, mas possui limitações físicas: peso, altura, sensibilidade a temperaturas, cheiros fortes, calor, humidade, entre outros entraves. A língua e a saúde são os maiores obstáculos. Se falasse melhor alemão, poderia trabalhar num escritório, num supermercado ou em chefia, mas, tal como está, encontra-se condenado, sem possibilidade de buscar trabalho mais adaptado. A saúde define a sua capacidade de manter alguma vida.

Confessa ter sido maltratado ao longo da carreira, não pessoalmente, mas em termos de empregabilidade: abusos no trabalho, falta de segurança, manipulação de cargas pesadas com o seu problema de saúde, subir e descer escadas com aspirador às costas, tarefas de limpeza em ambientes de pó, mudanças de temperaturas entre o frio e o calor e mudanças constantes de turnos, horários de refeição e sono que afectam a imunidade. Queixa-se de empresas que abusam dos trabalhadores e ignoram os limites de cada um; recusa abandonar postos de trabalho voluntariamente, embora o pensasse fazer.

O maior problema é a falta de segurança: trabalhadores cumprem o dobro do que outros não fazem, sem que os chefes intervenham. Observou colegas a serem maltratados, verbal e fisicamente, até com objectos atirados. Felizmente, nunca foi alvo de abuso intelectual ou psicológico, mas testemunhou comportamentos graves contra jovens.

Ama o seu trabalho, embora com mudança constante de turno que o afectam corporalmente. Só considera mudar se surgir uma posição adaptável, fixa e com salário maior; caso contrário, permanece onde está. Prefere trabalhar oito, nove ou dez meses por ano do que perder esta empresa para sempre ao aceitar outro emprego temporário. Considera melhor garantir o que tem do que arriscar perder, reconhecendo que, de momento, sem direito à RAV, embora lutando pelo prolongamento do Fundo-Desemprego, deve decidir o que é melhor para si.

Prof. Ângela Tinoco

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Infosuíça na Repórter X: João Carlos Quelhas o emigrante que quer mudar o destino de Portugal, mas está difícil ter 7500 assinaturas

A insustentabilidade da Segurança Social em Portugal: Verdades que precisamos conhecer

A Insustentabilidade da Segurança Social em Portugal: Verdades que Precisamos Conhecer. A Segurança Social em Portugal é um tema central... [...]

O conteúdo A insustentabilidade da Segurança Social em Portugal: Verdades que precisamos conhecer aparece primeiro em .


Reconhecimento de diplomas estrangeiros na Suíça

Reconhecimento de diplomas estrangeiros na Suíça. Atualmente, os médicos estrangeiros enfrentam esperas de vários meses. [...]

O conteúdo Reconhecimento de diplomas estrangeiros na Suíça aparece primeiro em .


Salário médio português sobe 6% entre abril e junho

Salário médio português sobe 6% entre abril e junho: evolução e desafios do mercado de trabalho. Salário médio em Portugal atinge 1.264 € brutos em 2025. [...]

O conteúdo Salário médio português sobe 6% entre abril e junho aparece primeiro em .


Formação na Suíça: 6400 vagas de aprendizagem disponíveis em 2025

Formação na Suíça: 6400 vagas de aprendizagem disponíveis em 2025. A formação profissional continua a ser uma das escolhas preferidas. [...]

O conteúdo Formação na Suíça: 6400 vagas de aprendizagem disponíveis em 2025 aparece primeiro em .


Emigrante em frança morre de acidente na Póvoa de Lanhoso

Emigrante em frança morre de acidente na Póvoa de Lanhoso. A tragédia bateu à porta da Póvoa de Lanhoso, onde um motociclista perdeu a vida. [...]

O conteúdo Emigrante em frança morre de acidente na Póvoa de Lanhoso aparece primeiro em .


Alerta de calor na Suíça é elevado: Temperaturas mais agradáveis chegam esta semana

Alerta de calor na Suíça é elevado: Temperaturas mais agradáveis chegam esta semana. A Suíça respira de alívio após esta onde de calor. [...]

O conteúdo Alerta de calor na Suíça é elevado: Temperaturas mais agradáveis chegam esta semana aparece primeiro em .


Atraso na Chegada de Aviões de Combate a Incêndios em Portugal

Atraso na Chegada de Aviões de Combate a Incêndios em Portugal. Portugal continua a enfrentar incêndios rurais intensos. [...]

O conteúdo Atraso na Chegada de Aviões de Combate a Incêndios em Portugal aparece primeiro em .


Ana Brito Maneira: Nova Cônsul-Geral de Portugal em Londres

Ana Brito Maneira: Nova Cônsul-Geral de Portugal em Londres. Ana Brito Maneira assumiu recentemente o cargo de Cônsul-Geral em Londres. [...]

O conteúdo Ana Brito Maneira: Nova Cônsul-Geral de Portugal em Londres aparece primeiro em .


Aquecimento Global Ameaça Turismo de Esqui nas Montanhas Suíças

Aquecimento Global Ameaça Turismo de Esqui nas Montanhas Suíças. O aquecimento global está a transformar rapidamente o turismo na Suíça. [...]

O conteúdo Aquecimento Global Ameaça Turismo de Esqui nas Montanhas Suíças aparece primeiro em .


Espanhol condenado a 14 anos de prisão e 15 de expulsão da Suíça

Espanhol condenado a 14 anos de prisão e 15 de expulsão da Suíça. Na passada quinta-feira, um tribunal suíço pronunciou uma decisão severa. [...]

O conteúdo Espanhol condenado a 14 anos de prisão e 15 de expulsão da Suíça aparece primeiro em .



Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Justiça tarda para trabalhadora emigrante que vê pensão reduzida por falhas patronais

Justiça tarda para trabalhadora emigrante que vê pensão reduzida por falhas patronais

Uma emigrante portuguesa residente na Suíça, após uma vida inteira de trabalho honesto em hotéis e serviços de limpeza, vê-se hoje com uma pensão de apenas 770 francos suíços mensais. O motivo não é a falta de esforço ou de dedicação, mas sim a omissão grave de duas empresas empregadoras — SHS Hotel Services e Anzler Cleaning and Service Company — que nunca procederam ao desconto e entrega das contribuições obrigatórias para o regime de pensões ocupacionais (BVG).

Apesar de ter desempenhado funções durante longos períodos de tempo, as entidades patronais não cumpriram com as suas obrigações legais, deixando a trabalhadora privada de uma parte essencial dos seus direitos sociais. A própria Stiftung Auffangeinrichtung BVG confirmou a falha, reconhecendo que os anos contributivos não foram registados.

Perante esta injustiça, a cidadã dirigiu agora o seu apelo ao Tribunal Federal Suíço, exigindo que a omissão seja reconhecida, que os períodos contributivos sejam regularizados e que a Ausgleichskasse Zürich proceda às devidas correções junto da fundação de pensões responsável.

O caso levanta uma questão maior: quantos trabalhadores estrangeiros, dedicados a funções essenciais mas invisíveis, estarão hoje a ser lesados pelas falhas dos seus empregadores e pela falta de fiscalização do sistema? A justiça não pode ignorar estas vozes que, apesar de discretas, carregam consigo o peso da verdade e da dignidade conquistada pelo trabalho.

Enquanto a reforma justa não chega, resta a luta, a esperança e a confiança de que a lei prevalecerá sobre o esquecimento.

Prof. Ângela Tinoco


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial