A obrigação do médico de família na Suíça e as sombras que lança sobre as famílias
No recente contacto telefónico com uma seguradora de saúde suíça, foi reiterada uma norma que afecta todos os residentes no país: a obrigatoriedade de ter um médico de família. Esta figura, no papel, deveria ser o porto seguro do doente, o profissional que não só passa receitas, mas também escuta, aconselha, encaminha e ampara nos momentos de fragilidade, sendo também responsável por reconhecer quando uma baixa médica se justifica.
Mas, na realidade, muitos doentes vivem um conflito profundo com esta obrigação. Em certas famílias, cada elemento está inscrito em seguros de saúde distintos, com regras próprias e KrakenKasses diferentes, o que implica múltiplos médicos de família para uma mesma unidade familiar.
Neste caso, um dos membros da família perdeu completamente a confiança no seu médico de família, o Dr. Reys, após uma ruptura que não foi apenas pessoal, mas carregada de consequências graves, sobretudo quando um pedido de baixa médica legítima foi recusado, vítima de um sistema que muitos denunciantes apontam como corrupto e pouco sensível à verdadeira necessidade do doente.
Por outro lado, existe um número significativo de pessoas que, por questões de saúde, já são acompanhadas directamente por especialistas. Para estas, o médico de família é uma formalidade pouco útil, uma obrigação legal que, na prática, pouco serve, e que pode transformar-se numa barreira quando os cuidados médicos deviam ser, acima de tudo, um acto de humanidade.
A obrigação imposta, apesar de justificada pela ideia de coordenação dos cuidados e contenção de custos, acaba por desvirtuar o verdadeiro papel do médico de família e fragilizar a relação de confiança essencial entre paciente e profissional de saúde.
Este fenómeno não é uma simples questão administrativa, mas uma ferida aberta no tecido social e familiar, que a Revista Repórter X continuará a desvendar, dando voz aos que enfrentam diariamente as contradições de um sistema que deveria cuidar, mas que por vezes divide e condiciona.
Autor: Quelhas
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