Raízes que a Câmara ignora: a injustiça contra os artistas da terra
A Póvoa de Lanhoso vive um momento que revela muito do que se passa quando o poder se distancia do que verdadeiramente importa. Dois espetáculos, marcados para a mesma hora e no mesmo local, expõem uma realidade amarga: o brilho que chega dos artistas de fora é exaltado, enquanto o talento que nasce aqui é deixado à sombra, esquecido pelas luzes oficiais.
O concerto da Cuca Roseta tem sido amplamente divulgado pelos canais do Município, inundando redes sociais e espaços públicos com o seu nome. Por outro lado, o espetáculo do Diogo Marinho, filho desta terra e representante vivo da nossa cultura, é relegado ao silêncio institucional, divulgado apenas por ele e pelos amigos do Grupo Cénico Povoense. Porquê este silêncio? Será por ser povoense? Por ser mais modesto? Ou simplesmente porque, para este executivo, o que é nosso não merece atenção?
Este executivo penaliza claramente os autores da terra, vendo-os com desconfiança e favorecendo uns enquanto ignora outros. A uns oferece apoios generosos, a outros deixa quase sem nada. Esta desigualdade não é fruto do acaso, mas de uma escolha consciente que prefere o brilho fácil ao calor autêntico da comunidade.
Quem hoje dirige a Câmara desconhece o valor que tem o que nasce do nosso chão. Para eles, a cultura é uma linha do orçamento, um custo a administrar, um ordenado garantido pelo dinheiro dos contribuintes povoenses, do Estado e do IMI. Esquecem-se, porém, que a cultura é o que mantém viva a memória, que dá sentido e esperança a um povo.
Não faz sentido gastar fortunas em artistas que vêm de fora, enquanto se fecha a porta aos nossos próprios talentos. Investir no que é nosso não é despesa, é riqueza que permanece, é preservar a identidade que nos distingue.
A Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso falha no seu dever fundamental: proteger e valorizar a cultura que é a base da nossa comunidade. Com esta postura, afasta-se do povo e cria um clima de desânimo e afastamento. Haveria espaço e obrigação para apoiar todos, mas escolhe-se quem deve brilhar e quem deve ser esquecido.
Neste cenário de silêncio e favorecimentos, há também uma voz que tentaram calar: a da Repórter X. Penalizada por recusar submeter-se às regras de quem pretende calar as críticas, a Repórter X escolheu a liberdade de dizer a verdade, mesmo que isso significasse perder apoios. Os artigos que denunciavam falhas do poder foram proibidos porque incomodavam, mas a voz resistiu, porque a verdade não se dobra.
Este é o retrato de uma cultura fragmentada, sufocada por um executivo que não quer reconhecer a força dos que são daqui. A Póvoa merece mais: justiça, apoio igualitário, respeito e uma Câmara que veja a sua verdadeira alma. Sem isso, seremos apenas espectadores de um espectáculo vazio e sem futuro.
autor: Quelhas
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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