Subsídio Familiar; Suíça mantém injustiça contra trabalhadores estrangeiros sem acordos bilaterais:
Na Suíça, país que se orgulha da sua neutralidade e da sua igualdade de oportunidades, há uma desigualdade que corrói silenciosamente a justiça social. Um trabalhador que venha de Portugal, de Espanha, da Itália ou da União Europeia tem direito ao subsídio familiar para os filhos que ficaram no seu país de origem. Mas um trabalhador que venha, por exemplo, da República Dominicana, do Brasil, de Angola, de Moçambique, de Timor-Leste, das Filipinas, da Austrália ou da Nova Zelândia, ainda que viva e trabalhe legalmente na Suíça, pagando todos os impostos e contribuições, não tem esse direito se os seus filhos permanecerem no país de origem.
O esforço é o mesmo, o suor é igual, o sacrifício é partilhado. No entanto, a lei suíça ergue uma barreira de papel, o chamado “acordo bilateral” que decide o destino do direito de cada um. A diferença não está no amor que o pai ou a mãe têm pelos filhos, nem no peso do trabalho que carregam, mas sim na existência ou ausência de um tratado entre dois governos.
A consequência é cruel: filhos de trabalhadores de países sem acordo são invisíveis aos olhos da política suíça, privados de um apoio que poderia aliviar a distância e a dificuldade. E tudo isto numa terra que, em nome da justiça, deveria tratar de forma igual quem contribui de forma igual.
Não basta dizer que “a lei é assim”. A lei também é feita de escolhas políticas, e estas escolhas revelam, com clareza desconfortável, quais são as vidas que se consideram merecedoras de proteção e quais se deixam cair no esquecimento. A igualdade que se proclama nas praças e nos discursos não pode ser só para quem nasceu no lugar certo ou tem a nacionalidade certa.
A Suíça, que se ergue entre montanhas como símbolo de estabilidade e imparcialidade, deveria recordar-se que a justiça verdadeira não conhece fronteiras, nem precisa de acordos para reconhecer o valor do trabalho humano. Literalmente a este caso de injustiça, chama-se discriminação social, laborsl e racismos...
autor: Quelhas
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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