Resposta aos leitores, sobre o texto “A Suíça diz que é um país soberano…”
A todos os que comentaram, com raiva, com memória, com gratidão ou com comparação, aqui fica a resposta de quem escreveu com a coragem de dizer o que muitos calam.
Primeiro, aos que insultam:
Responder com palavrões a um texto crítico é sinal de que a ferida existe, mesmo que neguem que dói. Chamarem “azeiteiro” ou “bandalho” a quem escreve é tentar matar o mensageiro para que a mensagem não pese. Mas não mata. Porque a verdade tem raízes que não se arrancam com insultos.
Depois, aos que viveram o passado e nele ficaram:
Sim, os anos 80 foram diferentes. Sim, a Suíça deu oportunidades. Mas o que se denuncia hoje não é um ataque ao que foi. É um alerta para o que é agora. O texto não é contra a Suíça, é contra o que a Suíça se tornou em certos corredores do poder: fria, tecnocrática, distante, por vezes injusta. Quem vive do passado corre o risco de ser cúmplice do presente.
Aos que comparam com Portugal:
A crítica a um país não é automaticamente um elogio ao outro. Há quem não queira voltar a Portugal, como há quem não queira mais estar na Suíça. Mas comparar misérias não cura nenhuma. Não é por Portugal estar mal que devemos aceitar tudo na Suíça de olhos fechados. A exigência deve ser proporcional àquilo que a Suíça promete ser. E a promessa foi grande.
Aos que venceram cá e se sentem realizados:
Aplaudimos. A vossa história é verdadeira. Mas também é verdadeira a história dos que perderam tudo, dos que foram mal tratados em hospitais, humilhados por instituições, silenciados em tribunais, excluídos de apoios por uma vírgula mal preenchida. Há mais de uma Suíça. E o texto deu voz àquela que raramente aparece nos postais.
Este não é um manifesto de ódio. É um grito de justiça.
Não nega que há ordem, progresso, qualidade, até dignidade em muitos aspectos da vida aqui. Mas há também um sistema cínico e duro, com rosto de neutralidade e coração de pedra, onde o cidadão comum não é ouvido, apenas processado. Onde quem protesta é acusado, isolado ou declarado “inadequado”.
Não é o povo que decide. É uma aristocracia moderna, vestida de democracia.
Por fim, aos que ainda sabem ouvir:
Este texto não é contra a Suíça. É por uma Suíça melhor, mais honesta, mais humana. Não queremos regressar ao passado, queremos que o futuro esteja à altura das promessas escritas na bandeira.
Liberdade, sim. Mas verdadeira. Unidade, sim. Mas com justiça. Soberania, sim. Mas com o povo a decidir de verdade.
autor: Quelhas
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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