O labirinto das prestações complementares na Suíça
Na Suíça, onde tanto se apregoa a justiça social e a protecção dos mais frágeis, esconde-se um sistema de apoios complementares que mais parece um campo minado.
Tomemos o exemplo de uma cidadã residente em Genebra, a quem chamaremos Susana. Depois de lhe ser atribuída uma pensão manifestamente insuficiente para sobreviver, viu-se obrigada a solicitar as chamadas prestações complementares junto da AVS/AI da cidade de Genebra.
O que se seguiu foi um verdadeiro percurso de obstáculos: formulários repetidos, assinaturas em duplicado, prazos apertados e ameaças veladas de caducidade do direito. A mensagem é clara — ou se tem forças para suportar este calvário burocrático ou simplesmente desiste-se.
Muitos desistem. E quem ganha com isso? O sistema. As instituições que deveriam zelar pelos cidadãos acabam por beneficiar com a desistência dos mais frágeis.
Em grande parte, os que se reformam ou são pensionados por invalidez acabam por regressar a Portugal, convencidos de que não vale a pena lutar ou sequer pedir ajuda suplementar. Outros partem sem sequer saber que podiam reclamar. Se setecentos e setenta francos na Suíça não chega, pensam, em Portugal chegará — fazem as malas e partem, perdendo direitos que lhes pertencem. A Suíça, essa, lá vai ficando mais rica com este sistema amaldiçoado, feito para que as pessoas desistam antes de receberem o que é seu.
Será este o retrato da famosa neutralidade suíça?
Revista Repórter X
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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